The graceful envelope contest 2014 # Catherine Langsdorf
Concurso anualmente promovido pelo Grêmio dos Calígrafos de Washington +
Associação Nacional dos Carteiros dos EUA
Carta (Ruy Guerra - Francis Hime) # Olivia Hime
Adoro relações epistolares e guardo com carinho algumas centenas de cartas, postais, bilhetes, cartões recebidos de familiares e
amigos. Houve uma época em que a ida aos Correios era ato rotineiro e a passagem
do carteiro aguardada com expectativa e prontidão. Entre esses dois momentos,
desenrolava-se o ritual de construção diligente do afeto e exercício perseverante
da reciprocidade.
Comparado com o presente, esse tempo parece ser mais generoso e humanizado. Largo o
suficiente para caber o pensar, o silêncio, o descanso, a empatia,
a disponibilidade para o outro. Ele permitia escolher papéis, envelopes, enfeites, adesivos; brincar com as palavras, experimentar linguagens, dar asas à imaginação; trocar confidências e mimos;
acolher dores, segredos, dúvidas, alegrias; celebrar conquistas e datas
especiais; compartilhar sonhos, histórias e infortúnios verdadeiros.
Pertencíamos a uma
rede real, não virtual, na qual a intimidade era urdida com paciência, entrega,
profundidade. Com menos pressa, menos máscaras e com as marcas visíveis da subjetividade de cada um: caligrafia singular, dicção própria, estilo inconfundível, narrativas e percepções originais. "Intimidade para mim é
isto: escrever para si mesmo e enviar a amigos próximos. Assim, viu, Cafu?"
Um fragmento de correspondência que ilustra alguém que abria seu Ser como uma flor.
Na atualidade, o carteiro praticamente só entrega contas,
compras, multas, propaganda. O e-mail tem muitas qualidades positivas e é uma ferramenta facilitadora de aspectos necessários à comunicação interpessoal e ao manuseio pragmático da vida. Mas ele é
diferente da carta e talvez isso explique por que as mensagens de ser a ser, de
alma a alma estejam ficando tão rarefeitas ultimamente. Qual o significado desse fato para os relacionamentos e as amizades? Fica a questão para ser analisada.
Essas reflexões não começaram
agora, mas voltaram à baila por causa da feliz descoberta do blog Pensados a Tinta, de Eliana Resende e, por meio dele, do site Amor em Cartas, projeto de
trabalho voluntário desenvolvido por Patrícia Mello, Yve Akemi e Carol. Gostei
dos dois e passo adiante a dica para quem tiver interesse em prosseguir no assunto.
Onde:
Palavras de Guerra # Olívia Hime
http://calligraphersguild.org/envwinners2014.html
http://pensadosatinta.blogspot.com.br/
http://www.amoremcartas.com.br/
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