segunda-feira, 24 de julho de 2017

Um país de mentirosos patológicos



A fake news da Ferrari dourada de Lulinha mostra que viramos um país de mentirosos patológicos. 


Por Kiko Nogueira


Lulinha é o personagem central das maiores fake news nacionais.

Ele já foi retratado como dono de avião, promotor de festas com prostitutas, proprietário de fazenda e da JBS, entre outros absurdos.

Fábio Luís Lula da Silva tentou recorrer à Justiça.

Em 2015, o prefeito de São Carlos, Paulo Altomani (PSDB-SP), foi acionado por causa de uma postagem no Facebook usando a história da Friboi para convocar manifestantes num protesto anti Dilma.

Um funcionário do Instituto Fernando Henrique Cardoso, Daniel Graziano, filho de Xico Graziano, foi convocado a depor num inquérito sobre a boataria da empresa dos irmãos Batista.

Nunca deu em nada.

A nova é que Lulinha é dono de uma Ferrari dourada. Um vídeo no YouTube mostra um sujeito embarcando no carro com um amigo numa cidade do estrangeiro.

Diversos sites replicaram exaustivamente a “notícia” de que aquele era Lulinha passeando no Uruguai.

Na verdade, é um milionário árabe saindo do Hotel de Paris em Monte Carlo, no principado de Mônaco, mas isso é o que menos importa.

O fenômeno da pós-verdade já foi bastante esmiuçado: fatos objetivos têm menos importância do que crenças pessoais.

O bando de energúmenos que espalha essa fábula grotesca sabe que a coisa não tem pé nem cabeça, mas a ideia não é ser honesto.

A ideia é enganar, iludir, matar a reputação do inimigo. Viramos uma nação de mentirosos compulsivos.

Temer e seus homens mentem, Alexandre de Moraes plagia, a imprensa inventa, juízes trapaceiam, idem para procuradores, delatores contam lorotas.

Não é surpresa, portanto, que a sociedade seja mentirosa.

O engano, a falsa representação sempre fizeram parte da condição humana.

Mentir pode ser um ato diplomático, divertido ou mesmo necessário para a sobrevivência. Nietzsche falava da “pia fraus”, a mentira piedosa.

O Brasil atingiu o ponto em que foi tomado por encantadores de cobras, manipuladores vagabundos e embusteiros patológicos que são celebrados.

Uma nação repleta de cidadãos de bem capazes de escrever isso nas redes sociais:

FILHO DO LULA COM UMA FERRARI DOURADA NO URUGUAI! E VOCÊ VAI FICAR PARADO? VAI DEIXAR ISSO ACONTECER NA SUA FRENTE? E NÃO VAI FAZER NADA? COMPARTILHE ESSE VÍDEO E VAMOS MOSTRAR AO BRASIL QUEM É O LULA E SUA FAMÍLIA!

Não éramos assim. Ou éramos e não sabíamos. O golpe elevou à categoria de arte aceitável o que era um desvio de caráter. 

O brasileiro médio, hoje, é um pulha.


Onde:

http://www.diariodocentrodomundo.com.br/a-fake-news-da-ferrari-dourada-de-lulinha-mostra-que-viramos-um-pais-de-mentirosos-patologicos-por-kiko-nogueira/

domingo, 23 de julho de 2017

Sem provas, disputa-se a narrativa





Entre 2011 e 2014, depois de deixar a presidência e deixar de ser funcionário público, Lula realizou 72 palestras para 45 instituições e empresas de diversos setores econômicos, nacionais e estrangeiras, como a Microsoft, Iberdrola, Telmex, Nestlé e Bank of América. Teve palestra no Museu de História Natural em Londres e na Biblioteca do Congresso Americano, em Washington. No Brasil, além de grandes bancos e construtoras, a Infoglobo, do Grupo Globo, contratou a LILS para uma palestra de Lula na Associação Comercial do Rio de Janeiro, pagando o mesmo valor por palestra que todas as outras empresas.

A realização de cada uma dessas palestras foi comprovada ao Ministério Público Federal por meio de fotos, vídeos e registros na imprensa, além de ter sido confirmada em depoimentos à Justiça por vários contratantes. Relatório com lista e relação de palestras já foi publicado há muito tempo na internet.

Lula poderia ter feito muito mais palestras profissionais do que fez, mas abriu mão de diversos convites pagos para falar, gratuitamente, para sindicatos, movimentos sociais, organizações multilaterais e governamentais, sobre temas como o combate a fome, integração continental e cooperação para o desenvolvimento e a paz mundial. Participou de atividades, gratuitamente, em países como Etiópia e Malauí, dentro da missão de promover políticas públicas de combate à pobreza e à fome.

Em 2014, quando tinha 68 anos de idade, e depois de um câncer, Lula decidiu aplicar parte dos recursos da LILS em um plano de previdência privada (PGBL), que tem como beneficiários seus filhos, que não são bilionários nem donos da Friboi. São os cerca de R$ 7 milhões bloqueados na Brasilprev. Um outro plano também bloqueado, no valor de R$ 1,8 milhão, tinha como beneficiária a esposa de Lula, Marisa Letícia, falecida esse ano.

Tudo dentro da lei, e feito com toda a documentação.

http://institutolula.org/uploads/relatoriopalestraslils20160323.pdf


Onde:

https://www.facebook.com/Lula/posts/1383167281752268

sábado, 22 de julho de 2017

A casta


A casta

Fernando Brito

Hoje, nas páginas de opinião de O Globo,  o desembargador Ricardo Rodrigues Cardozo,  diretor-geral da Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeir – ou seja, formador das mentes dos juízes – diz que vão longe os tempos em que “juiz só julga, fala apenas nos autos e jamais emite opinião”. E defende um juiz “proativo” – isto é, que toma iniciativas – e que ” não pode ficar alheio aos movimentos da sociedade em prol de mudanças”.
Diz que é imaginação que o Judiciário seja “uma casta privilegiada” que vive “como verdadeiros deuses”  e usufrui as benesses de uma “caixa-preta” e, portanto, homens e mulheres que partilham a vida comum da sociedade, estão sintonizados com um suposto “anseio coletivo”.
O Doutor que me perdoe – embora perdoar, antes bonito, seja hoje “um pecado” – mas, embora possa haver juízes e juízas com alta sensibilidade social e espírito igualitário, os senhoras e o Ministério Público são, sim, uma casta de privilegiados, que vivem como verdadeiros deuses e usufruem de um “caixa-preta” cujo conhecimento que um dia os levará a graus de popularidade semelhantes aos de Maria Antonieta. (Antes que o senhor tenha a reação de seu colega Sérgio Moro com a citação a Savonarola, esclareço que é uma metáfora).
Por que?
Instigado pelo comentário de Maria Cristina Fernandes, do Valor, feito ontem na CBN (coloco no próximo post ), fui atrás da tese de doutorado da jurista Luciana Zaffalon. Disponível aqui, encontrei um longo e meticuloso trabalho sobre os perfis carcerários e da administração da Justiça, que desemboca nas  relações entre o sistema judicial e os governos tucanos, uma completa simbiose.
Lá, há este gráfico dos vencimentos médios do Ministério Público – por falta de transparência, não há o mesmo detalhamento em relação aos juízes, mas certamente se assemelha – que é estarrecedor.
97% dos membros do MP paulista  ganham mais que o teto constitucional ( constitucional, Doutor, vem de Constituição, aquela “leizinha”). Para evitar dúvidas, transcrevo, lotralmente, o texto da pesquisadora:
Verificamos que 1.860 das 1.920 matrículas que constituíram o universo da análise registraram rendimentos mensais médios acima do teto constitucional em vigor no ano de 2015, de R$ 33.763,00135.  Apenas 60 registros dos 1.920 não superaram esse valor (3,1%). O rendimento médio mensal dos membros da carreira do Ministério Público em 2015 foi de R$ 46.036,30, sem contabilizar 13º salário e férias.
Frise-se, sem contabilizar  13º salário e férias. E, mesmo sem poder detalhar os dados, o trabalho mostra que, pelos dados do Conselho Nacional de Justiça apontavam valor semelhante em relação aos juízes paulistas,  em relatório que indica o valor de R$ 45.906,00 o custo médio por magistrado, em 2015.
Luciana Zaffalon faz uma comparação para que se possa comparar quem ganha mais do que o teto constitucional: 0,08% da população do Brasil e 0,10% no Estado de São Paulo, segundo dados da Pesquisa Nacional por Análise Domiciliar (Pnad).
Se isso não é uma casta, joguem-se fora todos os livros de sociologia e antropologia, porque nada mais será.
E, embora não se possa dizer que todos os indivíduos são iguais, é evidente que isso os põe a observar o povo brasileiro sob sua ótica de casta.
As castas, há 200 anos escreveu Victor Hugo – leitura que hoje deve provocar urticária nos juízes brasileiros – “têm as suas idéias, que são os seus dentes”.
Por favor, Doutor, retome o que ouviu de um velho magistrado e peça aos seus alunos que “”juiz só julga, fala apenas nos autos e jamais emite opinião”.
Boca fechada não mostra os dentes.
Onde:
http://www.tijolaco.com.br/blog/a-casta-2/

terça-feira, 11 de julho de 2017

Dia da vergonha: canalhas, canalhas, canalhas!





Os 50 escravocratas, para não serem esquecidos:


Aécio Neves (PSDB-MG)
Airton Sandoval (PMDB-SP)
Ana Amélia (PP-RS)
Antonio Anastasia (PSDB-MG)
Armando Monteiro (PTB-PE)
Ataídes Oliveira (PSDB-TO)
Benedito de Lira (PP-AL)
Cássio Cunha Lima (PSDB-PB)
Cidinho Santos (PR-MT)
Ciro Nogueira (PP-PI)
Cristovam Buarque (PPS-DF)
Dalirio Beber (PSDB-SC)
Dário Berger (PMDB-SC)
Davi Alcolumbre (DEM-AP)
Edison Lobão (PMDB-MA)
Eduardo Lopes (PRB-RJ)
Elmano Férrer (PMDB-PI)
Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE)
Flexa Ribeiro (PSDB-PA)
Garibaldi Alves (PMDB-RN)
Gladson Cameli (PP-AC)
Ivo Cassol (PP-RO)
Jader Barbalho (PMDB-PA)
João Alberto Souza (PMDB-MA)
José Agripino Maia (DEM-RN)
José Maranhão (PMDB-PB)
José Medeiros (PSD-MT)
José Serra (PSDB-SP)
Lasier Martins (PSD-RS)
Magno Malta (PR-ES)
Marta Suplicy (PMDB-SP)
Omar Aziz (PSD-AM)
Paulo Bauer (PSDB-SC)
Pedro Chaves (PSC-MS)
Raimundo Lira (PMDB-PB)
Ricardo Ferraço (PSDB-ES)
Roberto Muniz (PP-BA)
Roberto Rocha (PSB-MA)
Romero Jucá (PMDB-RR)
Ronaldo Caiado (DEM-GO)
Rose de Freitas (PMDB-ES)
Sérgio Petecão (PSD-AC)
Simone Tebet (PMDB-MS)
Tasso Jereissati (PSDB-CE)
Valdir Raupp (PMDB-RO)
Vicentinho Alves (PR-TO)
Waldemir Moka (PMDB-MS)
Wellington Fagundes (PR-MT)
Wilder Morais (PP-GO)
Zeze Perrella (PMDB-MG)




sábado, 1 de julho de 2017

Valeu, Paulo Nogueira!

Homenagem de Latuff a Paulo Nogueira (1956 - 2017)


Paulo Nogueira foi o mesmo com a bola nos pés ou com a Olivetti nas mãos

Mauro Donato

Daí a tampa do caixão se fecha e sou golpeado por um gigantesco ‘memento mori’. Imediatamente me pergunto quem sou eu, quem foi ele? O que estou fazendo da vida, e o que ele fez da dele? Deixarei um legado? Ele deixou?

Paulo Nogueira era aquele tipo de cara a quem costumamos nos referir como alguém ‘difícil’. Que nada mais é do que aquela pessoa que não irá aceitar que lhe entreguem menos do que o ótimo. Áspero, era aquele chefe/amigo duro que provoca a evolução do seu trabalho.

Critica, te esculhamba, desafia. Mas sempre, sempre, leal. Aperta pois sabe que pode sair mais.

Na saudosa Vila Caiçara foi que conheci Paulo Nogueira, ainda menino. Eu, não ele. Paulo tinha 9 anos a mais e era o irmão mais velho de meu amigo Kiko. E quando conhecemos alguém desde muito cedo, podemos dizer que conhecemos sua essência.

Além do fascínio natural que irmãos mais velhos causam em pirralhos, Paulo chamou minha atenção por ser um amante de futebol e por saber todas as letras dos Beatles. Aliás o quarteto de Liverpool parecia ficar tocando em looping naquela casa.

Meu vizinho de casa de praia atuava no futebol de areia de maneira idêntica a que atuaria como jornalista. Por infinitas vezes eu nem mesmo havia dominado a bola – na verdade ela poderia estar em pleno ar ainda chegando a mim – que Paulo já estava fazendo-me uma cobrança, uma orientação, dando-me uma bronca. Só de olhar para meu semblante ele provavelmente já previsse alguma cagada de minha parte. E não era só comigo.

Como para Nelson Rodrigues, para Paulo Nogueira a mais simples pelada também se tornava uma partida épica. E muitas vezes elas se estendiam até o por do sol. Ele almejava a vitória sempre. Ao contrário de muitos, jamais o vi entrar em ‘campo’ bêbado. Aquilo era sério, não estava lá para brincadeiras.

Era bom de bola. Não como este que vos escreve, mas dava no couro, tratava bem a redonda. E embora eu possa afirmar conhecer o molde que fez de Paulo o adulto exigente, sério e comprometido com resultados, confesso que até hoje tenho dúvidas se ele de fato imaginava existir algum olheiro do Real Madrid nas areias daquela amistosa vila da Praia Grande ou se aquele jogador chato, falante, reclamão, não era um personagem que ele havia criado para si.

Porque se o Paulo futebolista e jornalista foi áspero, cobrador, rigoroso, intimidador ou qualquer outro adjetivo que queiram lhe aplicar, fora das quatro linhas imaginárias do futebol de areia e fora das redações das editoras, o personagem talvez se despisse. E para saber disso há um termômetro infalível.

Se você quer avaliar a qualidade, a integridade, o caráter e a bondade de um homem, olhe para os filhos dele. E ali, mais do que em qualquer outro campo, Paulo Nogueira fez um bom trabalho. E são quatro (os filhos). Paulo era produtivo em tudo.

Aquele homem que hoje desceu para uma sepultura trajando uma camisa do Corinthians foi um jornalista que dispensa tanto apresentações quanto defesas. Trata-se de perda de tempo falar da envergadura profissional do Paulo. Basta ver a repercussão de seu falecimento na mídia. Inclusive naquelas que lhe fizeram oposição histórica.

Portanto, do Paulo que todos leram não é preciso comentar. Foi um batalhador, “Um batalhador que acreditou na causa dos justos e na luta por um país menos desigual”, como postou a ex-presidente Dilma Rousseff sobre seu falecimento.

Um batalhador que deixou uma obra, este DCM que, a despeito de ser um veículo de comunicação teve seus contratos rompidos unilateralmente por Michel Temer, também é um filho seu. Um filho que continuará agindo como se Paulo estivesse em campo, cobrando, exigindo, reclamando. Nós iremos nos esforçar, chefe. Fique em paz.


Onde:

http://www.diariodocentrodomundo.com.br/paulo-nogueira-foi-o-mesmo-com-bola-nos-pes-ou-com-olivetti-nas-maos-por-mauro-donato/