sábado, 30 de abril de 2016

O "Pacotão" dos novos tempos

Charge de Aroeira


O impeachment não pode ser vendido separadamente. O pacote é este, inteirinho

Fernando Brito  

No ódio simplório que se implantou neste país, um argumento parece bastar.
“Fora Dilma, Fora, Lula, Fora PT” foi bradado com um uma “chave mágica” para qualquer coisa.
Crise econômica, preço do petróleo, corrupção na política, vírus zika, preço do tomate, da cebola, da batata, 7 a 1 da Alemanha…E olha que a ciclovia do Eduardo Paes só não entrou na conta porque caiu depois da votação do impeachment.
Os milhões de dólares do Paulo Ruberto Costa, do Barusco, do Yousseff já não vêm ao caso: sitio com pedalinho e apartamento no Guarujá tomaram o lugar da saúva na cota de “os males do Brasil são”.
O maior período de prosperidade que este país já viveu, por andar uns meses cambeta (até porque Dilma fez, afinal, o que o “mercado” pedia dela), é solenemente atirado ao lixo, lá onde vão ficar cheios de moscas o Bolsa Família , o Minha Casa Minha Vida, o pré-sal, o Pro-Uni…
Fernando Henrique assumiu anunciando, 50 anos depois, o fim da “Era Vargas”. Agora, sem confessar, mas babujando de apetite, não gastam nem um ano a tentar destruir a Era Lula. Pretendem, seguindo a máxima de Maquiavel aos que ascendem ao principado pelo crime, ” determinar as ofensas que precisa executar, e fazê-las todas de uma vez”.
Não tem, porém, condições políticas, porque só uma brutal ditadura armada o teria e isso se vivêssemos ainda uma quadra mundial onde isso fosse viável.
Lamento informar aos que acham defender a entrada de um “governo técnico”, aos que acreditam que a Justiça funcionará plenamente e que a serenidade voltará a imperar na vida brasileira que, infelizmente, isso é impossível.
Não pode haver um governo ético que se instituiu sob o signo da traição, da dissimulação, da associação com todo tipo de delinquente com este objetivo.
Não pode haver justiça nem direito quando se julga nem com orgasmos de tribuna nem com gélida fixação nazista.
E muito menos haverá administração honrada se esta se erige sob a sobra de um ganster que se adonou da república e que tem, como é de seu estilo e natureza, um caixote de granadas para ser o homem-bomba se tiverem a veleidade de “deixarem um amigo na beira da estrada”.
A charge de Aroeira aí em cima é o que é o governo brasileiro.
O resto serão seus estafetas.

Onde:

http://www.tijolaco.com.br/blog/o-impeachment-nao-pode-ser-vendido-separadamente-o-pacote-e-este/

segunda-feira, 25 de abril de 2016

Devolve meu voto




Cristovam e o cinismo nacional

Luis Nassif

O senador Cristovam Buarque, e muitos de seus pares, declarou à Folha que votará pela admissibilidade do impeachment, mas não pelo mérito - que será votado na época apropriada.

Trata-se do voto do cinismo, muito presente na vida nacional.

Equivale ao sequestrador que imobiliza a vítima para que o parceiro atire. E, depois, proclame em voz alta seu respeito à vida.

A alegação de Cristovam é um primor do gênero. Não há tema mais discutido, debulhado, trocado em miúdos do que o processo do impeachment. Mas o que diz nosso douto senador:

"Não podemos ignorar que a Câmara deu autorização ao Senado para abrir o processo com 367 assinaturas, mas temos que analisar a fundo o mérito da questão para decidir se ela cometeu ou não crime de responsabilidade".

A aceitação do julgamento pelo Senado criará o fato consumado. Automaticamente a presidente será afastada por 180 dias. Entrará um novo presidente, que reorganizará o Ministério e a máquina, ocupará todos os cargos e iniciará um novo governo.

A possibilidade da volta da presidente deposta é nula. Será acenada eventualmente como instrumento de barganha, caso o novo governo não atenda demandas de um ou outro senador. Como será um governo em que o conceito de coalizão será exercido de forma plena, não há possibilidade de que Dilma volte.

Portanto, todos os senadores que votarem pela admissibilidade do julgamento estarão dando seu voto final. E não haverá mágica - como a pretendida por Cristóvão - que possa iludir seus eleitores. Se os eleitores forem a favor do impeachment, o senador garante a reeleição. Se sua base for difusa - como é o caso de Romário e Cristóvão entre outros - dança.

Votando pela admissibilidade estarão todos ao lado dos Ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) que recusarem-se a votar o mérito da questão, marcados a ferro e fogo como parceiros do golpe.

Quando começarem os abusos, não adiantarão discursos emotivos em favor da democracia.


Onde:

http://jornalggn.com.br/noticia/cristovam-e-o-cinismo-nacional

terça-feira, 19 de abril de 2016

Capez, il capo da máfia do merendão

Alô Capez, vê se para de roubar merenda! # Gaviões da Fiel


Sem quorum, Assembleia de São Paulo empurra o merendão


Comissão de Educação e Cultura da Assembleia Legislativa de São Paulo não analisou nenhum requerimento já protocolado sobre o escândalo da máfia da merenda no estado; presidente da Casa, deputado Fernando Capez (PSDB) foi citado por vários delatores como um dos beneficiados do esquema que fraudava licitações em nome da cooperativa Coaf; legisladores deixaram de deliberar temas como a possível convocação do ex-secretário da Educação, Herman Voorwald, e do ex-chefe de gabinete da secretaria, Fernando Padula, que teriam recebido propina

247 - Por falta de quórum, a Comissão de Educação e Cultura da Assembleia Legislativa de São Paulo não analisou nenhum requerimento já protocolado sobre o escândalo da máfia da merenda no estado.


Presidente da Casa, deputado Fernando Capez (PSDB) foi citado por vários delatores do caso como um dos beneficiados do esquema que fraudava licitações em nome da cooperativa Coaf.

Em delação premiada, o lobista Marcel Ferreira Julio, que atuava para a Coaf, relatou que se encontrou duas vezes com Capez em 2014. Disse ter visto o hoje presidente da Assembleia Legislativa ligar para a Secretaria Estadual da Educação para agilizar um contrato mediante propina. A divisão do dinheiro teria ficado assim: R$ 450 mil para a campanha de Capez, 2% para Marcel, 2% para César (outro membro da Coaf) e R$ 250 mil para ex-assessores do parlamentar.

Apenas uma das quatro reuniões da comissão em 2016 teve quorum suficiente, embora os legisladores tenham deixado de deliberar temas como a possível convocação do ex-secretário da Educação, Herman Voorwald, e do ex-chefe de gabinete da secretaria, Fernando Padula, citados na investigação como receptores de propina, segundo reportagem do G1 (leia aqui).


Fernando Capez (PSDB), Il Capo da máfia da merenda protestando contra a corrupção na Av. Paulista.


Onde:

http://www.brasil247.com/pt/247/sp247/227072/Sem-quorum-Assembleia-de-SP-empurra-o-merend%C3%A3o.htm

segunda-feira, 18 de abril de 2016

Vitória de Pirro





Veja a argumentação para crime de responsabilidade, segundo a Câmara dos Deputados - Legislatura  2014-2018.


“Pela família quadrangular”: teste circula nas redes com argumentos dos deputados pelo impeachment

Diário do Centro do Mundo

Circula nas redes um teste sobre a votação esdrúxula do impeachment. Ei-lo:
Vote no melhor argumento pró impeachment:
( ) “Pelo aniversário da minha neta”
( ) “pelos fundamentos do cristianismo”
( ) “Pelos princípios que ensinei a minha filha”
( ) “Pelo Bruno e o Felipe”
( ) “Pelo meu neto Pedro”
( ) “Pelos maçons do Brasil”
( ) “Pelos produtores rurais, que se o produtor não plantar, não tem almoço nem janta”
( ) “Proposta de que criança troque de sexo na escola”
( ) “Pelo fim da rentabilização de desocupados e vagabundos”
( ) “Pela Família Quadrangular”
( ) “Pelos idosos e pelas crianças”
( ) “Pelo fim da Vagabundização remunerada”
( ) “Pela Minha mãe nega Lucimar…”
( ) “Pela renovação carismática”
( ) “Pelos médicos brasileiros”
( ) “Pelo fim da CUT e seus marginais”
( ) “Por amor a esse país”
( ) “Pelo fim dos petroleiros, digo, do Petrolão”
( ) “Pelos progressistas da minha família, Maria Vitória”
( ) ” Pela República de Curitiba”
( ) “Em memória do meu pai”
( ) “Por causa de Campo Grande, a morena mais linda do Brasil”
( ) “Para me reencontrar com a história”
( ) “Pelo estatuto do desarmamento”
( ) “Pelo comunismo que assombra o país”
( ) “Pela nação evangélica”
( ) “Pelo povo destemido e pioneiro do estado de Rondônia”
( ) “Pelo resgate da auto estima do povo brasileiro”
( ) “Pela BR 429”
( ) “Pela minha esposa, pelo meu filho e minha filha”
( ) “Por Daiane, Mateus e Adriane”
( ) “Por todos os corretores de seguro”
( ) “Pela minha filha Manoela que vai nascer”
( ) “Pela minha mãe que está em casa com os seus 93 anos”
( ) “”Pelo meu neto e bisneto”
( ) “Em homenagem ao aniversário da minha cidade”
( ) “Pela minha mãezinha”
( ) “Pela paz de Jerusalém”
( ) “Pelo melhor estado, o Tocantins”
( ) “Em memória do meu irmão”
( ) “Pela minha mulher que nesse momento luta pela vida”
( ) “Como diz Olavo de Carvalho, “O PT vai dar pt no Brasil: ‘perca’ total!”
( ) “Pelo setor gerador de renda, o setor agropecuário”
( ) “Pelo meu filho Breno e pela minha querida PM de São Paulo”
( ) “Pelos militares de 64”
( ) “Por Sofia e Luna e Guarulhos”
( ) “Sob as bençãos do grande arquiteto do universo”
( ) “Pelos meus netos Guilherme, Eliza e Gabriel”
( ) “Pelo povo com nome no SPC”
( ) “Para não sermos vermelhos como a Venezuale e Coreia do Norte”
( ) “Por um pai de 78 anos que me ensinou os princípios da palavra de Deus”
( ) “Pela Sandra, pela Érica, pelo Vítor, pelo Jorge, e por meu neto que está chegando”
( ) “Pelo meu filho que carrega meu nome, Luis Lauro”
( ) “Pelo meu filho de 18 anos”
( ) “Pelos meninos do MBL, pelos evangélicos dessa nação e contra o Partido das Trevas”
( ) “Pelo meu neto Gabriel”
( ) “Pelo Meu Estado de SP, governado há 20 anos por políticos honestos do meu partido”
( ) “Pela minha filha que tem 20 anos”
( ) “Pela minha mulher e pela minha filha, que são as minhas principais eleitoras”
( ) “Em homenagem às minhas únicas e verdadeiras riquezas, minhas filhas”
( ) “Pelo fim dos coronéis”


Onde:

http://www.diariodocentrodomundo.com.br/essencial/pela-familia-quadrangular-teste-circula-nas-redes-com-argumentos-dos-deputados-pelo-impeachment/

Resposta da História a pior Câmara que o dinheiro pôde comprar

Honrar la vida (Eladia Blasquez)# Mercedes Sosa







Onde:

http://www.vivapoesia.com/p/cometalinguagem.html

sábado, 16 de abril de 2016

Eu imobilizo você. E depois o acuso de não se mexer.



Em defesa da Dilma


Paulo Nogueira


Há um clichê sobre Dilma que deve ser rebatido.

Muita gente diz ser contra o impeachment, embora Dilma seja ruim, péssima, incompetente etc.

Falta reflexão a este tipo de consideração.

Dilma sequer teve a chance de ser uma má governanta. Nem saíra o resultado da eleição e ela começou a ser sabotada brutalmente.

Uma aliança imediata entre Aécio e Cunha no Congresso inviabilizou qualquer iniciativa de Dilma.

A mídia se dedicou a desestabilizá-la desde antes da vitória nas urnas. Na véspera da eleição, a Veja deu uma capa que afirmava que um delator dissera Dilma e Lula sabiam de tudo no escândalo da Petrobras.

Era mentira, era crime jornalístico, ficaria demonstrado quando se soube do teor da delação invocada pela Veja.

Mas a revista saiu impune deste que pode ser classificado como o marco zero no processo de desestabilização do governo pela imprensa.

A Globo com suas múltiplas mídias logo passou também a fazer uma guerra aberta contra Dilma.

O Jornal Nacional se transformou numa Veja eletrônica. Protestos contra o governo e pelo impeachment começaram a ser promovidos descaradamente pela Globo. O objetivo era dar a impressão – falsa, como se vê hoje – de que o país estava unido contra o governo.

A cobertura das operações da Lava Jato foi um capítulo à parte na tentativa da Globo e o restante da mídia em derrubar Dilma.

A crise econômica mundial foi ignorada. Os problemas nacionais foram tratados como se fossem uma coisa apenas do Brasil. Éramos, segundo a imprensa, patinhos feios em meio a cisnes maravilhosos em todo o mundo.

A pergunta que faço, diante de tudo isso, é: como governar?

Não dá. Simplesmente não dá. Já é difícil administrar um país quando você não é boicotado todos os dias e todas as horas. Quando é, fica impossível.

Qualquer pessoa que tenha ocupado uma posição executiva numa empresa sabe do que estou falando. Você não consegue fazer nada, numa companhia, se a seu redor conspiram incessantemente contra você.

Acabou acontecendo uma coisa patética. Os golpistas paralisaram o país, e não se pejaram em colocar a culpa da paralisação em Dilma. Foi o triunfo do cinismo. Eu imobilizo você. E depois o acuso de não se mexer.

Steve Jobs não conseguiria administrar o Brasil nas circunstâncias enfrentadas por Dilma no segundo mandato.

Se fôssemos um time de futebol, Guardiola fracassaria se submetido a uma situação como a de Dilma.

Repito: ela sequer teve a chance de ser ruim no segundo mandato.

Isso tudo quer dizer o seguinte.

Não é apenas injustiça acusar Dilma de inépcia. É ignorância.




Onde:


http://www.diariodocentrodomundo.com.br/em-defesa-de-dilma-por-paulo-nogueira/

quinta-feira, 14 de abril de 2016

A hora dos imprescindíveis

Fala mais





Aqui a segunda parte da entrevista de Dilma Rousseff, ontem, para um grupo de jornalistas – dentre os quais o GGN.
Não bate com a realidade a informação de que ela esteve atrapalhada. O que se viu foi uma presidente respondendo a todas as questões, não fugindo de nenhum tema e, inclusive, enfrentando cascas de banana.
Quando um dos entrevistadores lhe disse que um grupo de donos de shopping iria fechar os estabelecimentos, em favor do impeachment, e se os considerava golpistas. A resposta, na bucha:
- Claro que são. Todos os cidadãos são iguais. Seja empresário ou político, se defende impeachment sem motivo, é golpista.
O jornalista insistiu, querendo saber se os manifestantes na rua eram golpistas. E ouviu uma longa e bem dada aula sociológica sobre o comportamento das pessoas na massa e como agentes políticos.
A seguir, a segunda parte da entrevista

Sobre as eleições diretas como saída para a crise

Não vou ficar discutindo hipótese, que contraria o que acredito. Acredito que temos todas as condições de ganhar no Congresso Nacional. O resultado que obtivemos na Comissão, ao contrário do que foi cantado, é importante: 41 votos.Em projeção, dá 213. Ainda fica na faixa do conforto.
O governo vai lutar até o último minuto, por algo que acreditamos que seja factível, ganhar contra tentativa de golpe através de um relatório que é uma fraude, com momentos estarrecedores. José Eduardo Cardozo foi muito feliz ao dizer que a maior defesa a meu favor seja a má qualidade daquele relatório.
Em que pese que a Constituição diga o tamanho do meu mandato, respeito a proposta que contenha voto popular, respeito a visão diferente. O que não respeito e acho que nenhum de nós pode aceitar é com o impeachment sem base legal. Fere nossa democracia, é um atalho para o poder sem voto, dos que não vão se submeter a nenhuma eleição.

Sobre as projeções para domingo

Nessa reta final vamos sofrer uma guerra psicológica: eu tenho os votos, aquele não tem. O processo que tem um objetivo, de construir situação de efeito dominó.
É muito difícil neste momento chegar e dizer: um partido desembarcou do governo. Tem situações das mais variadas, de partidos que saem e as pessoas ficam. Tem variações, não tem relação linear entre líderes e liderados, característica do sistema político no Brasil, que torna extremamente complexa a análise da realidade e complexo o jogo político.

Judicialização do impeachment

Sabemos de todas as falhas do rito imposto pelo presidente da Câmara. O Ministro José Eduardo Cardozo fez uma fala muito clara sobre isso, na última vez que tivemos a oportunidade de nos manifestar.
Quando eu falo em honrar 54 milhões de votos, só uma parte da questão. Tem que honrar os dois votos, porque os dois participaram de um processo legítimo.

Sobre o estado de nervo

Durmo às 10 e meia e não tenho insônia e acordo com pique para andar de bicicleta.
Tenho grande competência quando aumenta a tensão. A minha fraqueza é quando relaxo, e aí fico muito normal. Para ser presidente, tem que ter dois degraus de tranquilidade a mais quando tensão aumenta. Quando relaxada, sou normal. Quando tensa, sou presidente da República. 

Sobre a guinada à esquerda proposta por Lula

Lula na presidência teve um comportamento, fora outro. Eu tenho que ter uma posição que diga respeito ao todo, não mais a mim. Lula não é mais presidente, pode falar tudo o que ele pensa. Eu não posso colocar todas as posições pessoais minhas. Não posso ter posição que sei que uma parte da população brasileira não endossa. Presidente não pode estimular divisões.
Na crise econômica acirra disputas distributivistas. Entendo que as pessoas queiram mais. Mas quando cai a arrecadação não tem como dar mais.
Mas temos como estabilizar a país, tirar da crise, ampliar as políticas sociais.
O ajuste do Brasil foi diferenciado em relação a outras economias, especialmente as europeias. Ajustamos mas preservamos as políticas sociais.

Sobre o impeachment

Ao contrário dele (Eduardo Cunha), não tenho conta no exterior e nenhuma das acusações que recaem sobre ele. O que acho mais grave não é que ele presida o impeachment, mas que a proposta que está na mesa tenha ele como vice. Ele será o vice-presidente da República e tem com o atual vice uma relação de profunda sociedade política.
Sistema político brasileiro hoje se mostra muito receptivo a expedientes golpistas institucionais porque é frágil. Precisamos de reforma política que defina em que condições se aceitará a formação dos partidos, o modelo de voto, como se dará a relação parlamento-executivo.
Logo após as manifestações de junho de 2013 acreditei que haveria condições de convocar uma assembleia para discutir a questão política.
O modelo político está perdendo cada vez mais a capacidade de não ser permeável a esse tipo de crise. Todos os que sentarem nessa cadeira enfrentarão isso em maior ou menor grau, porque não é algo que alguém consiga modificar.
A versão de que a política é ruim e suja não contribui, só estimula o apoliticismo que serve a interesses políticos pavorosos. Uma das características estarrecedoras da manifestação de 13 de março foi a rejeição da política. Essa característica nunca levou a nada de bom.
Historicamente essa posição levou a regimes de exceção. Faz parte do processo a despolitização, a rejeição da atividade político o surgimento de salvadores da pátria.

Sobre reforma fiscal

É muito recessiva a redução do gasto do governo. Então não sai da crise sem alguma recomposição da receita. Não dá para botar um lado só pagando o pato. Os que falam em pagar o pato são aqueles que têm na arrecadação do sistema S uma das fontes de seu financiamento.
Temos tido com a CNI uma das melhores relações, porque tem transformado a arrecadação do sistema S em três coisas fundamentais: educação técnica, pesquisa tecnológica e Instituto de inovação
Não estou pensando em aumentar investimentos do governo, mas não pará-los. Pedimos ao Congresso que certos investimentos não parem, porque os custos para o país são enormes.
KC 390, se vendermos, entrada de US$ 1,1 BI anual. Estou na fase final. Passo a não ter recursos para completar. É a poupança burra. Como isso tem vários outros processos em recursos.
Tenho restos a pagar empenhados e medidos, que tem que ser pagos.
Nós fizemos corte brutal, R$ 120 BI de despesas discricionárias e não discricionárias. De discricionárias 105 e 25 de obrigatórias

Não discuto desvinculação das receitas orçamentárias

Onde:

http://jornalggn.com.br/noticia/para-dilma-a-reta-final-vem-com-intensa-guerra-psicologica


quarta-feira, 13 de abril de 2016

Fala, Dilma!





A entrevista coletiva começou às 11 horas da manhã, no Palácio do Planalto. Em torno da mesa redonda, 14 pessoas, entre jornalistas de diversos órgãos, alguns assessores e a presidente Dilma Rousseff. Foi pontilhada de respostas, causos e tiradas de humor.
No final, uma pergunta sobre a esperança: por que acreditar que, derrubado o impeachment, tudo será diferente?
Dilma explicou com um "causo" dolorido, dos tempos da repressão.
- Um belo dia estava eu na Operação Bandeirantes; Daqui a duas horas você espera que vai ser interrogado. Depois, ia para o DOPS. Ficava torcendo para Fleury ir para o carnaval, porque aí não interrogava. Passava um tempo, ía para o Presídio Tiradentes. Você ia pensar o que? Não tem saída, é assim para sempre? Não é assim que se encara. Encara se tiver esperança, se souber que a vida é um pouquinho mais complicada.
Ela se lembrou de uma conversa com Franklin Martins:
- Sabe porque não temos mágoa dos torturadores? Porque nós ganhamos e eles não. Mas levamos 25 anos. Na pior situação, você sempre sabia que as coisas não são estáticas, são dinâmicas, os agentes sociais agem. Enquanto tem tudo isso, eu vejo uma manifestação democrática fantástica. E tenho certeza de que independentemente de mim, isso continuará, o país continuará avançando e a democracia se consolidando.
Foi o fecho para a entrevista, na qual a presidente passou por todos os temas propostos.

Sobre a crise e sua responsabilidade

Diante de situação, não há como negar a interação entre instabilidade política profunda que afeta o país há 15 meses, e a crise econômica, intensificado pela crise política. Nossa capacidade de recuperação se mostrou limitada pela crise política.
A crise econômica é cíclica, primeiro atingiu os desenvolvidos e, depois, os países em desenvolvimento. E não só o Brasil. Não dá para subestimar o efeito da crise das commodities sobre a economia.
No caso do Brasil, não acredito que nossas mazelas econômicas se devam fundamentalmente à política anticíclica de 2009. Adiamos os efeitos de uma crise que se aprofunda.
Ao fazer a política cíclica derrubamos bastante a arrecadação do país. Tivemos uma nível elevado de redução de impostos. Agora, pergunto: teríamos segurado o emprego na proporção que seguramos se não tivéssemos feito o financiamento através do PSI (Programa de Sustentação ao Investimento), com juros de 2,5% real; se não tivéssemos reduzido o imposto sobre bens de capital de 30% aporá 4%, se não tivéssemos desonerado o tanto quanto desoneramos a folha.
No meu período, de 2011 a 2014 criamos um pouco mais de 5,2 milhões de empregos. Se for olhar o saldo, mesmo com um ano e quinze meses de profunda crise, perdemos 2,6 milhões de empregos, e mantivemos saldo de 2,6 milhões.
Nossa política anticíclica segurou.

Daqui para frente

Agora temos de enfrentar várias questões. Ninguém saiu do processo de crise sem enfrentar. No caso do Brasil, temos agora uma situação mais favorável, com US$ 40 bilhões de superávit na balança comercial, segundo projeção do MDIC para este ano. Saímos em 2014 com US$ 4 BI de déficit.
Outra característica é a queda da inflação. Subestima-se o efeito de preços controlados. Não controlamos o clima e de 2011 a início de 2016 tivemos uma das maiores secas da história. Em 2015, neste mesmo dia, o nível dos reservatórios das dez maiores usinas estava em 22%. Agora, se pegar Furnas já estamos em 76,5%.
Enfrentamos todo o período com quase nada de água e sem racionamento, porque despachamos todas as térmicas. Não deriva de decisão governamental, mas de um sistema hidrotérmico.
Tivemos um ajuste brutal de tarifas ao botar todas as térmicas funcionando. Faz parte da estrutura do sistema. Um dos fatores que pesou na inflação, tanto para cima como para baixo.
Quando se explica porque a inflação está caindo, explica porque subiu.

As reformas e as pautas-bombas

Na queda no ciclo econômico, aparecem todos os defeitos. O Brasil tem várias disfunções que precisam ser ultrapassadas. Vamos ter que olhar e fazer reformas. Para tanto, há que se ter unidade.
Uma das disfunções são as pautas-bombas.
Pauta-bomba é aquela que o conjunto acredita que é possível sair de uma situação difícil botando fogo em todo o restante. No ano passado tivemos cinco pautas-bomba, no total de R$ 140 bilhões.
O PDL (Projeto de Decreto Legislativo) do juro simples veio da Câmara, do deputado Espiridião Amin (projeto que muda a fórmula de cálculo das dívidas estaduais com a União de juros compostos para simples).
São R$ 300 bilhões de diferença. E a paralisia que provocará e a perda de energia de termos de ir sistematicamente no Congresso para impedir.
Primeira reforma seria o fim das pautas-bombas, o fim do uso de expedientes políticos para paralisar o governo. Tivemos esse processo durante 15 meses e o principal personagem foi o presidente da Câmara..

Sobre o modelo político

Nós temos um sistema político com algumas características.
No passado, governava-se com 3 partidos. FHC governou assim. Lula governou com menos partidos que no meu período.
No início do meu segundo mandato, havia 28 partidos dentro do Congresso.
O nível de unidade dos partidos é diferenciado, com várias tendências, determinações por adoção de frentes, de interesses regionais.
Supor que é possível estruturar uma política sem reforma política profunda será muito difícil.
Vocês adoram que eu faça autocrítica, mas não posso fazer só para contentar porque não muda uma vírgula da realidade. 
A base não esfacelou. Não adianta analisar visão tradicional de partido. Não é assim que o Brasil funciona, a não ser que se tenha visão absolutamente idealista de partido político.
Não estou falando de mazelas, mas de diferenças partidárias. Não são partidos ideológicos, na qual se faz um acordo parlamentar. Um pouco disso (desses problemas) está existindo nos Estados Unidos, uma certa divisão pronunciado dentro do Partido Republicano.
Obama teve que negociar com minorias no último ano., Ele largou de mão. Fez acordo com Irã, Cuba, levou dois mandatos para aprovar Obama Care. Ou percebemos que há um processo bem complexo na relação do presidencialismo com o Congresso, ou vamos acreditar em contos de fada.

Impeachment, pacto e legitimidade

Acredito que é possível tecer um pacto. Mas alguns pré-requisitos são fundamentais.
Não é possível sem a legitimidade do voto, tentando transformar o impeachment em eleição indireta de quem não tem voto. Uma eleição indireta perigosíssima  porque não resolve os problemas do país.
Primeira coisa, voto popular.  De qualquer jeito consegue transformar se tiver voto popular.
O impeachment é previsto na Constituição. Os órgãos de imprensa esquecem-se de que o impeachment previsto na Constituição tem que ter base legal. Não dá para fazer salto no escuro de impeachment fraudulento sem base legal.
Não estou dizendo que terá consequências imediatas. Mas que marcará indelevelmente a história do presidencialismo no Brasil.
Não estou dizendo que vai haver. Estou explicitando o que os órgãos grandes de imprensa relutam em falar: é golpe. Estou fazendo uma denúncia: tem um estado de golpe sendo conspirado no Brasil. Tanto aqueles que agem abertamente a favor, como os que agem ocultamente e os que se omitem: todos serão responsáveis. Não se pode supor que determinados atos políticos são feitos sem consequências.
Depois, não pode ter vencidos nem vencedores. Chamaremos todos os partidos, setores econômicos e sociais para montar o próximo plano de governo.

Sobre o jogo político da Lava Jato

Vazamentos para si mesmo, nunca vi antes. O vazamento para si mesmo é algo fantástico. Vocês não são ingênuos e sabem que (a fala de Temer) não foi vazamento, mas uma manifestação deliberada, nunca vista antes, quando processo em curso e alguém tenta, sem olhar resultado, fazer o discurso do posse.
Chamei-o de chefe de golpe. Só não sei quem é o chefe é o vice-chefe, Acho que (Temer e Cunha) são associados. Um não age sem o outro. Uma parte do golpe depende diretamente do presidente da Câmara.

Sobre o estado mínimo

Nós não achamos que Estado tem que tratar só de educação, saúde e segurança. Fizemos um programa, o MCMV (Minha Casa Minha Vida),e hoje, de cada 8 brasileiros, um foi beneficiado com uma moradia. Tenho clareza do tamanho desse programa e de sua importância. No dia de hoje temos 4,3 milhões de moradias contratadas e 2,4 milhões entregues. E lançamos agora a segunda parte.
É importante do ponto de vista social e econômico. Não cria bolha imobiliária, assegura casa própria para população de baixa renda, tira um monte de gente de moradias de alto risco, transforma famílias em famílias mais estáveis.
Não é fundamental programa de segurança hídrica? Subestima-se a integração do São Francisco mas está quase pronta.
Na saúde, acabou a discussão sobre o Mais Médicos. Há 18 mil médicos atendendo 63 milhões de pessoas hoje. Tem 1,2 milhão cisternas distribuídas no Nordeste.
Estado mínimo é compatível com países desenvolvidos e, mesmo assim, alguns não fazem isso, como a Dinamarca, a Escandinávia toda.
Achar que resolve problemas do país ignorando a quantidade de atraso, de herança maldita de ano e anos em que parte da população foi retirada dos mecanismos da riqueza, é ter uma proposta totalmente dissonante em relação à realidade.
Outra coisa é achar que Estado precisa fazer coisas de que não precisa. Não tem que gastar dinheiro com o que a iniciativa privada faz melhor, mais rápido e mais eficiente.
E existem experiência bem sucedida nos aeroportos, em concessões e acho que as empresas brasileiras construtoras têm que ser encaradas como agentes de desenvolvimento e não como agentes de corrupção. Tem que impedir que se demonizem empresas, porque precisamos de empresas que constroem.
Investigue quem tiver que investigar, mas não destrua as empresas.
A grande competência dos EUA é a convicção da importância de suas empresas. Por esse método não sobraria um banco norte-americano depois da crise. Multaram, penalizaram, alguns fecharam.

Sobre a tensão pré-impeachment

Fico curiosa quando leio nos jornais Preocupações de ministros do meu governo com a votação do impeachment. É o Jornalismo mediúnico, vocês falam o que eu penso. Aí eu olho no espelho e digo: não falei.
Nessa reta final vamos sofrer uma guerra psicológica: eu tenho os votos, aquele não tem. O processo que tem um objetivo, de construir situação de efeito dominó.
É muito difícil neste momento chegar e dizer: um partido desembarcou do governo. Tem situações das mais variadas, de partidos que saem e as pessoas ficam. Tem variações, não tem relação linear entre líderes e liderados, característica do sistema político no Brasil, que torna extremamente complexa a análise da realidade e complexo o jogo político.

Relação com os poderes

Apesar de jovem democracia, há razoável independência dos poderes. Em relação ao STF, bastante clara. Em relação à estrutura do Judiciário federal, idem. A autonomia dos ministros, a independência dos poderes e a soberania do STF é inconteste.
Não acredito que tenhamos no Brasil uma fragilidade no que se refere às demais instituições, porque ganharam ao longo do tempo sua própria autonomia. No caso do MPF, a base é a Constituição de 1988, garantindo a cada procurador a Autonoma para investigar.  A Polícia Federal também tem atribuição de autonomia.
O interessante é avaliar não os poderes mas a imprensa, diante da continuidade do meu governo. A espetacularização da investigação vai continuar?
Uma coisa é investigar, outra é a espetacularização da investigação.
Vaza prova nos EUA, o que acontece? Se a prova não está em condições de ser vazada, anula. Aqui se grava o presidente da República sem autorização do STF, depois se vaza.
Nos últimos dias ficou claro que o que vazamento (dos diálogos com Lula)  diz respeito a mim, eu fui investigada, virada dos avessos, é evidência que não acharam outro motivo para tentar forçar meu impedimento. Então o jogo é muito difícil, a espetacularização significa vazamento dirigido, sem base legal e a gente sabe disso.

Sobre a repactuação

Temos que olhar todos os lados, mas respeitando todas as conquistas. Pacto não é só com oposição, mas com forças econômicas e movimentos sociais.
Coisa que Luis Nassif  falou e tem razão: nos últimos dias há uma reorganização das forças políticas de forma intensa, e se dando em torno de uma questão fundamental, que é a questão democrática.
É processo crescente.
Temos tido demonstrações de pessoas que não estão apoiando o governo. O que estão defendendo é um processo democrático. A última manifestação dos artistas é mito significativa.


Também tenho recebido relatos de manifestações extremas de ódio. A mais grave é da médica que abriu mão de cuidar de uma criança recém nascida.

Onde:
http://jornalggn.com.br/noticia/dilma-a-esperanca-e-a-repactuacao