sábado, 31 de maio de 2014

Pausa

Tea for two # Noma Bar





Cachimbo da paz (Carlos Malta - Daniel Grajew - Guy Sasso - Richard Montano) # Carlos Malta Quarteto




“A maioria das pessoas imagina que o importante, no diálogo, é a palavra. Engano, e repito: – o importante é a pausa. É na pausa que duas pessoas se entendem e entram em comunhão.”

Nelson Rodrigues




Onde:


Tudo azul # Carlos Malta Quarteto



http://www.dutchuncle.co.uk/noma-bar/

sexta-feira, 30 de maio de 2014

Titis, Chips, Bonifrate e tutti quanti

Músicas : Homem ao mar + Allegro! Allegro! # Bonifrate
Imagens e edição: Daniel Mendes Galvão
Belezas naturais: Brasil
Gente querida




Onde:


Museu de arte moderna # Bonifrate


http://bonifrate.com/

quinta-feira, 29 de maio de 2014

Necessidade?

iNdEED? # Klaudia Kost




All you need is love(John Lennon-Paul McCartney)# The Beatles





A LISTA DE NECESSIDADES

Conheço muitos que andam com uma folha
Que contém o que necessitam.
Quem chega a ver a lista diz: é muito.
Mas quem a escreveu diz: é o mínimo.

Alguns no entanto mostram orgulhosos sua lista
Que contém muito pouco.

Bertold Bretcht # Tradução: Paulo César Souza



Onde:

Brecht Poemas 1913-1956 # Trad. Paulo César Souza  
Ed. Brasiliense 


Yellow Submarine # The Beatles


http://www.behance.net/kost

terça-feira, 27 de maio de 2014

Forma e conteúdo


Clarice Lispector # Gabriela Brioschi




O  trenzinho do caipira (Heitor Villa-Lobos) # Egberto Gismonti




Forma e conteúdo

Fala-se da dificuldade entre a forma e o conteúdo, em matéria de escrever; até se diz: o conteúdo é bom, mas a forma não, etc. Mas, por Deus, o problema é que não há de um lado um conteúdo e, de outro a forma. Assim seria fácil: seria como relatar através de uma forma o que já existisse livre, o conteúdo. Mas a luta entre a forma e o conteúdo está no próprio pensamento: o conteúdo luta por se formar. Para falar a verdade, não se pode pensar em um conteúdo sem sua forma. Só a intuição toca na verdade sem precisar nem de conteúdo nem de forma. A intuição é a funda reflexão inconsciente que prescinde de forma enquanto ela própria, antes de subir à tona, se trabalha. Parece-me que a forma já aparece quando o ser todo está com o conteúdo maduro, já que se quer dividir o pensar ou escrever em duas fases. A dificuldade de forma está no próprio constituir-se do conteúdo, no próprio pensar ou sentir, que não saberiam existir sem sua forma adequada e às vezes única.

Clarice Lispector 



Onde:


A descoberta do mundo # Clarice Lispector - Ed. Rocco


Trem caipira # Egberto Gismonti


http://www.gabrielabrioschi.com/



Boadrasta

This flower wishes to fade # Paul Klee





Madrasta (Beto Ruschell - Renato Teixeira) # Roberto Carlos





If recollecting were forgetting,
Then I remember not.
And if forgetting, recollecting,
How near I have forgot.
And if to miss, were merry,
And to mourn, were gay,
How very blithe the fingers
That gathered this, Today!

Emily Dickinson




Se recordar fosse esquecer,
Eu não me lembraria.
Se esquecer, recordar,
Eu logo esqueceria.
Se quem perde é feliz
E contente é quem chora,
Que alegre são os dedos
Que colhem isto, Agora!

Tradução: Augusto de Campos




Onde:

O anticrítico # Augusto de Campos - Cia das Letras



O inimitável # Roberto Carlos


http://www.wikiart.org/en/paul-klee/this-flower-wishes-to-fade-1939

segunda-feira, 26 de maio de 2014

Luar é verbo

A Lua # Tarsila do Amaral





Lua, lua, lua (Caetano Veloso) # Gal Costa





A lua de Ouro Preto

Quem separar
Luar de amor!
Quem separou
Amor, de luar?
Vamos luar.

Luar é verbo

Murilo Mendes





Onde:

Pedras de toque da poesia brasileira # José Lino Grünewald - Ed. Nova Fronteira



Cantar # Gal Costa

domingo, 25 de maio de 2014

Liniers em Brasília

Macanudo # Liniers




Brasília (Luiz Bonfá)  # Luiz Bonfá





Onde:


Amor! The fabulous guitar of Luiz Bonfá # Luiz Bonfá


http://www.macanudo.com.ar/

sábado, 24 de maio de 2014

Selvageria, anonimato e impunidade

Cyber hate # Elis Wilk




Canción del odio /Hate song (Steven Vinaver - Mary Rodgers) # Nacha Guevara



A humanidade, às vezes, provoca-me ânsias de vômito e vontade irresistível de entrar numa nave espacial rumo a outra galáxia.

Indiferença, ódio, ofensa, nojo, preconceito, intolerância, brutalidade aumentaram, ou simplesmente se tornaram evidentes com a internacionalização da comunicação e o acesso massivo à internet? A banalização do Mal está maior na sociedade atual, ou somente mais perceptível aos olhos de todos?

Provavelmente o embate entre civilização e barbárie seja o mesmo de sempre e a rede apenas exponha o lado negro e bestial de nossa espécie em tempo real, ou quase, e com toda a crueza. O anonimato intensifica e favorece esse comportamento tóxico, violento e antiético, à medida que cria a ilusão de poder ilimitado e ausência de responsabilização por palavras e atos. 

Os portais de notícias abrigam o suprassumo do desrespeito e da covardia. É preciso ter estômago forte para frequentar a seção de comentários, principalmente dos leitores da grande imprensa. É bem aquilo que o jornalista americano Joseph Pulitzer profetizou: “Com o tempo, uma imprensa cínica, mercenária, demagógica e corrupta formará um público tão vil como ela mesma”.

Notícias como esta e esta, divulgadas e analisadas pelo Diário do Centro do Mundo, assombram e entristecem. Contudo, é bom saber que o Ministério Público entrou em campo disposto a investigar os criminosos e combater a baixaria. Nossa Constituição estabelece que a liberdade de expressão não é absoluta – todos somos livres para nos manifestar, desde que não cometamos ilegalidades ou firamos direitos alheios. A CF determina também que o racismo é crime inafiançável e imprescritível.

Que os meliantes respondam por seus atos e sirvam de exemplo e reflexão para os demais.





Onde:

Los esenciales # Nacha Guevara

http://www.illustrationdaily.com/elis-wilk

http://eliswilk.tumblr.com/

http://www.diariodocentrodomundo.com.br/

sexta-feira, 23 de maio de 2014

Céu de Brasília para canto e haicai






Céu de Brasília (Toninho Horta - Fernando Brant) # Toninho Horta, Orquestra Fantasma e Milton Nascimento




miro do alvo

alcanço o anil

céu aberto por um fio

(Cafu)




Onde:

Terra dos Pássaros # Toninho Horta e Orquestra Fantasma


quinta-feira, 22 de maio de 2014

O fim de sua história

A boy with sailboats # Henry Martin






Angel eyes (Earl Brent - Matt Dennis)/ Cry me a river(Arthur Hamilton) # Maurício Einhorn Qu4rteto




O fim de sua história


Assim que recebi sua notícia
Eu pensei que fosse uma brincadeira
Mas eu percebi que era real
E você tinha morrido mesmo

Então isso quer dizer
Que vai ter mais uma missa na igreja
E a chuva caindo lágrimas no chão
E flores em volta de seu corpo

Bem, você foi legal,
mas foi difícil aceitar que isso fosse verdade
Eu gostaria de voltar atrás
Lágrimas escorreram por todo o sofá

Eu acho que vou chorar
Uma poça de lágrimas
Quem sabe um lago
Ou uma lagoa
Ou um rio
Ou talvez um oceano inteiro
Essa quantidade de minhas lágrimas

Então isso quer dizer que
Vai ter mais uma missa na igreja
E a chuva caindo
Lágrimas no chão
E flores em volta de seu corpo
Adeusssssssssssssssssssss

Guilherme Bacci Oliveira, aos 6 anos, sobre a morte do avô





Onde:

Conversa de amigos II # Maurício Einhorn Qu4rteto


http://www.wikipaintings.org/en/henri-martin/a-boy-with-sailboats




quarta-feira, 21 de maio de 2014

As minhas meninas do meu coração

Menininha de vestido vermelho # Maurice Denis





As minhas meninas (Chico Buarque) # Chico Buarque



"Menina que dorme debaixo do olhar de Deus, desejo que você não o perca jamais, que caminhe pela vida tendo a paciência como sua melhor aliada, que conheça o prazer da generosidade e a paz de quem não espera nada, que entenda os seus pesares e saiba acompanhar os pesares alheios. Desejo a você um olhar limpo, uma boca prudente, um nariz compreensivo, ouvidos incapazes de recordar a intriga, lágrimas precisas e temperadas. Desejo a você a fé na vida eterna, e o sossego que essa fé concede. Amém."

"Menina, eu desejo a você a loucura, a coragem, os desejos, a impaciência. Desejo a fortuna dos amores e o delírio da solidão. Desejo o gosto pelos cometas, pela água e pelos homens. Desejo a memória, uma boca que sorria e amaldiçoe com precisão divina, umas pernas que não envelheçam, um pranto que devolva a intereza. Desejo o sentimento do tempo que as estrelas têm, a persistência das formigas, a dúvida dos templos. Desejo a fé nos agouros, na voz dos mortos, na boca dos aventureiros, na paz dos homens que esquecem seus destinos, na força de suas recordações e no futuro como promessa onde cabe tudo que ainda não aconteceu a você. Amém."

Mal de Amores (fragmentos) - Ángeles Mastretta



Onde:


Mal de Amores  # Ángeles Mastretta - Ed. Objetiva


Francisco # Chico Buarque


http://www.wikipaintings.org/en/maurice-denis/child-in-an-apron-or-little-girl-in-a-red-dress

terça-feira, 20 de maio de 2014

Dar, receber, multiplicar, devolver

Minha mão, florezinhas do cerrado e foto de Maythe Souza

    



Gracias a la vida (Violeta Parra) # Elis Regina



Para Marina, fã de Osman



"Sabemos que as doações têm exigências e que não é bastante abrir as mãos, os braços, as pernas, olhos, boca, ouvidos, não basta existir para bem receber. Sabemos que receber é acolher, guardar, multiplicar e também devolver, sim sabemos".

Excerto de Avalovara - Osman Lins
por sugestão da Clau




Onde:

Avalovara# Osman Lins - Cia. das Letras



Falso Brilhante # Elis Regina



segunda-feira, 19 de maio de 2014

De maré

Incoming tide # Childe Hassan





Ode primitiva (Haroldo de Campos - Péricles Cavalcanti) # Bárbara Eugênia




Onde:


Mulheres de Péricles # Várias intérpretes


http://www.wikipaintings.org/en/childe-hassam/incoming-tide

domingo, 18 de maio de 2014

Face the book

Face the book # Paula Ellenberger





Livros (Caetano Veloso) # Caetano Velosos






Onde:


Livro # Caetano Veloso


http://positive-posters.com/posters/profiles/?pid=2402


sábado, 17 de maio de 2014

Piazzola, Borges, Ney e Geraldo




1964 (Astor Piazzola - Jorge Luis Borges) e Ilhas (Piazzola e Geraldo Carneiro) # Ney Matogrosso


Ouvi a dica a respeito de um encontro entre Ney e Piazzola na Itália, comentada en passant, no documentário Olho Nu, sobre a vida e carreira de Ney Matogrosso (ótimo filme, por sinal).  Encontrei no YouTube esse registro raro. A autora da postagem, Carolina Silva, informa nos créditos: "As ilhas, com letra de Geraldinho Carneiro e 1964 de Jorge Luis Borges foram musicados por Astor Piazzola e fizeram parte de um compacto simples editado em 1975. O disco sofreu censura no Brasil porque, segundo conta Ney Matogrosso, 1964 foi um ano muito negro na história do Brasil  e o censor acreditava que o poema fazia referência aos fatos daquele ano..."




1964


Jorge Luis Borges)


I

Ya no es mágico el mundo. Te han dejado.
Ya no compartirás la clara luna
ni los lentos jardines. Ya no hay una
luna que no sea espejo del pasado,

cristal de soledad, sol de agonías.
Adiós las mutuas manos y las sienes
que acercaba el amor. Hoy sólo tienes
la fiel memoria y los desiertos días.

Nadie pierde (repites vanamente)
sino lo que no tiene y no ha tenido
nunca, pero no basta ser valiente

para aprender el arte del olvido.
Un símbolo, una rosa, te desgarra
y te puede matar una guitarra.

II

Ya no seré feliz. Tal vez no importa.
Hay tantas otras cosas en el mundo;
un instante cualquiera es más profundo
y diverso que el mar. La vida es corta

y aunque las horas son tan largas, una
oscura maravilla nos acecha,
la muerte, ese otro mar, esa otra flecha
que nos libra del sol y de la luna

y del amor. La dicha que me diste
y me quitaste debe ser borrada;
lo que era todo tiene que ser nada.

Sólo que me queda el goce de estar triste,
esa vana costumbre que me inclina
al Sur, a cierta puerta, a cierta esquina.



As Ilhas


Astor Piazzola/Geraldo Carneiro)

Vi mosca urdindo fios
De sombra na madrugada
Vi sangue numa gravura
E morte em caras paradas

Via vis de meia noite
E frutas elementares
Vi a riqueza do mundo
Em bocas disseminadas

Vi pássaros transparentes
Em minha casa assombrada
Vi coisas de vida e morte
E coisas de sal e nada

Vi um cachorro sem dono
À porta de um cemitério
Vi a nudez nos espelhos
Cristas na noite velada

Vi uma estrela no meio
Da noite cristalizada
Vi coisas de puro medo
Na escuridão espelhada

Vi um cruel testamento
De anjos na madrugada
Vi fogo sobre a panela
No forno de uma cozinha

Vi bodas inexistentes
De noivas assassinadas
Vi peixes no firmamento
E tigres no azul das águas

Mas não via claramente
A circulação das ilhas
Nos rios e nas vertentes
E vi que não via nada
Nada, nada...





Onde:


https://www.youtube.com/watch?v=vapn1WZqyCQ