sábado, 28 de fevereiro de 2015

Serenata do adeus

 
Orlando Pedroso



Serenata do adeus (Vinicius de Moraes) # Tom Jobim e Paula Morelenbaum




Onde:

Tom canta Vinicius (ao vivo)

http://www.orlandopedroso.com.br/

http://www.fotolog.com/orlandopedroso/

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

O sequestro da democracia pelo grande capital





PARA OPOSIÇÃO E MÍDIA, DENUNCIAS DE CORRUPÇÃO SÃO SÓ MAROLA


Maria Inês Nassif

O escândalo da Petrobras foi eleito pelos meios de comunicação e pela oposição à presidenta Dilma Rousseff como o terceiro turno, o episódio que, manipulado cotidianamente por informações de um juiz, do Ministério Público e da polícia veiculadas por uma mídia tradicional que tem lado – e não é o lado do governo – mostra-se capaz de alimentar uma espiral crescente de mal-estar com a política. Essa ação política, que ganhou força numa eleição particularmente radicalizada, é a primeira desde o chamado Mensalão que teve impacto de fato sobre a opinião pública. 

Todavia, o que vem da tentativa de hiperdimensionar a responsabilidade de um único partido, o PT, sobre o episódio, tomando por base delações premiadas de dois réus que são figuras centrais – e podem ser considerados como chefes do esquema de corrupção incrustrado na Petrobras –, não fica em pé, se submetido a qualquer análise feita sob critérios de racionalidade. Na maioria dos casos, as “denúncias” constituem-se numa sucessão de hipocrisias que, se são capazes de manter um clima perigosamente crescente de aversão a todos os políticos, sequer tocam na raiz do problema do sistema político brasileiro: a captura do voto pelo poder econômico. 
A Proposta de Emenda Constitucional de número 352, urdida pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), com o apoio da oposição, por exemplo, jamais poderia ser desvinculada desse debate, se ele fosse efetivamente sério, e nunca poderia ter sucesso no meio de um escândalo como o da Petrobras. A PEC 352, afinal, é a consagração de um sistema político que é caro e apoiado no financiamento eleitoral e partidário por grandes empresas com interesses no governo ou em assuntos em pauta no Legislativo, e cujo sucesso depende de uma eleição de governantes, sim, mas fundamentalmente de uma grande bancada de parlamentares, capazes de mobilizar mais rapidamente seus assuntos tanto no Legislativo como no Executivo, via pressão por liberação de emendas parlamentares ou aprovação de outras leis. A constitucionalização do financiamento privado de campanha pretendido por Cunha e seus seguidores eterniza esse sistema político totalmente vinculado ao poder econômico.

A notícia de que o presidente da CPI da Petrobras na Câmara, Hugo Motta (PMDB-PB), e o relator Luiz Sérgio (PT-RJ) receberam dinheiro de empreiteiras denunciadas na Operação Lava Jato, que investiga a corrupção na Petrobras, não deveria ter surpreendido ninguém. O sistema político brasileiro é assim. Aliás, a pergunta que se deveria fazer é: quantos parlamentares eleitos receberam dinheiro para campanha de empresas que têm profundos interesses na administração pública? Como isso não é crime, essas doações podem ser levantadas na prestação de contas das campanhas dos parlamentares. E, como o interesse das empresas são nos votos que poderão ter no plenário do Congresso, supõe-se que existam financiados às pencas, tanto na oposição como no governo. As financiadoras certamente serão, em sua maioria, as encrencadas na Operação Lava Jato, pois são elas as poucas grandes empreiteiras nacionais aptas a ganhar grandes licitações, da Petrobras, do governo federal ou dos governos estaduais.

Aliás, se existe possibilidade legal de as empresas financiarem a eleição de parlamentares, pela lógica financiarão mais as que têm interesses mais arraigados na administração pública: grandes empreiteiras, que normalmente são as que vencem licitações para as grandes obras – que só se concretizam se houver liberação orçamentária para tanto; setor financeiro, para o qual qualquer decisão, por exemplo, sobre impostos, envolve giro diário de enormes fortunas (quem não se lembra da rejeição da CPMF?); setor agrícola, cuja articulação é crescentemente vitoriosa no Congresso em questões legais que dificultam a reforma agrária e aumentam o poder de negociação dos grandes empresários rurais com o governo em geral, e com o Banco do Brasil em particular.

Com fortes bancadas, grandes empresas têm mais poder no Congresso do que qualquer outro eleitor. O voto do eleitor vale um. O voto de uma empreiteira, ou do banco, vale os votos que conseguiu, com o seu dinheiro, para eleger um parlamentar. No final das eleições, o deputado ou senador que recebeu o dinheiro dessas empresas tem mais compromissos com elas do que com o eleitor que ganha salário mínimo e mora na periferia. Entre um e outro, certamente vai querer agradar o seu financiador.

Sob essa ótica, a onda de comoção que se pretende alimentar contra os políticos porque eles recebem financiamento de campanha de empresas poderosas perde qualquer racionalidade, se for considerado aceitável – ou desejável – manter o financiamento empresarial de campanhas políticas. A grande distorção gerada por essa permissividade do sistema político-eleitoral do país não desaparece se a justiça conseguir colocar na cadeia todas as empresas e todos os políticos que receberam propina no esquema da Petrobras. O sequestro da democracia pelo grande capital econômico apenas é contido se o financiamento empresarial for proibido.

http://cartamaior.com.br/?%2FEditoria%2FPolitica%2FPara-oposicao-e-midia-denuncias-de-corrupcao-sao-so-marola%2F4%2F32951

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Caro Joaquim $$$$$

Charge de Ivan Cabral




Prezado colega Joaquim Barbosa.
(via Lista de discussão UERJXXI)

Você cobrou a exoneração do Ministro da Justiça por ter recebido advogados das construtoras, alegando no seu Twitter: “Reflita: vc. defende alguém num processo judicial. Ao invés de usar argumentos/métodos jurídicos perante o juiz, vc. vai recorrer à Política?” 

Permita-me ponderar, caro colega da UERJ, a Política com P maiúsculo, conforme você bem escreveu, é a mais nobre das atividades humanas, pois é a partir dela que se constrói uma sociedade rumo ao eldorado ou rumo ao abismo.

É conveniente deixar claro que todos nós queremos a punição de corruptos, o fim da corrupção e a repatriação dos bilhões evadidos. No entanto, esse problema da Petrobras & construtoras está indo muito além disso. Já extrapolou as decisões (aplaudidas) de um único juiz e passou a ser uma questão de Estado. 

Explico: (1) Países ricos são aqueles que têm autonomia tecnológica, isto é, dominam o conhecimento que transforma a natureza em riqueza, desde os projetos de engenharia até o produto final. (2) Dentre as grandes empresas sediadas no Brasil, praticamente apenas a Petrobras & construtoras têm autonomia tecnológica. As outras grandes empresas, por serem mundiais, produzem bens aqui mas não desenvolvem a tecnologia no Brasil. (3) Quem domina a tecnologia tem o poder das decisões econômicas e a primazia dos melhores lucros.

A Petrobras é responsável por cerca de 10% dos investimentos realizados no País, cujo efeito multiplicador no crescimento da economia é exponencial. São razões de estado, portanto, que deveriam levar o governo a interceder politicamente no show de horrores que está provocando paralisação de setores produtivos da economia, desemprego e redução do PIB. 

O que a Petrobras e construtoras têm de perene são as suas máquinas, equipamentos, outros bens materiais, o petróleo, trabalhadores e tecnologia, sinônimo de conhecimento, que nada têm a ver com os desvios de dinheiro provocados por meia dúzia de dirigentes ironicamente colocados em liberdade “premiada”.

Digo, por experiência própria vivenciada no poder executivo estadual, que a corrupção pode ser totalmente debelada sem prejudicar as (únicas) grandes empresas nacionais que desenvolvem tecnologia de forma autônoma. 

Infelizmente, ao contrário do que se esperava, a forma seletiva de divulgação de passos inconclusos e não julgados do processo ‘lava-jato” está acarretando mais malefícios do que benefícios, até porque as tais delações (absurdamente) premiadas saíram dos bafos de bandidos confessos. 

Mas isso agora é o de menos. O pior é ver os negocistas e golpistas de plantão se aproveitando de todo esse caldeirão de manchetes cientificamente encomendadas para enlamear, não os corruptos, mas a empresa Petrobras e as construtoras visando à enfraquecê-las para desnacionalizá-las.

Reflita, caro Joaquim, (i) com tantas instituições há décadas sugando bilhões de dólares da nossa economia sem qualquer reação do judiciário, ministérios públicos e imprensa; (ii) com um processo criminoso de privatizações que aniquilou empresas e inteligências brasileiras sem que houvesse um só pio desses órgãos; (iii) e o que vemos agora é a exploração malévola para destruir o que de melhor nos resta na engenharia brasileira. 

Se o problema fosse realmente punir corruptos, eles não estariam em liberdade premiada. O alvo é realmente quebrar as últimas grandes empresas nacionais de engenharia; e logo a engenharia, um dos ramos do conhecimento que mais cria postos de trabalho em todas as áreas.

Isso é muito triste para um país que já tem mais de 70% do seu PIB controlado por não residentes. Será que você e o voluntarioso juiz Moro conseguem enxergar que existe algo que vai muito além dos “argumentos/métodos jurídicos” a que você se refere?

Nenhum “argumento/método jurídico” pode estar acima dos interesses da sociedade, nem pode ser usado para, por consequência, desgraçar a vida de milhares de famílias inocentes que dependem do funcionamento pleno das empresas nacionais que geram conhecimento e riquezas. 

Lecionei durante 36 anos na Faculdade de Engenharia da universidade a qual você pertence, a UERJ. Sabemos o quanto é árduo a formação de engenheiros desenvolvedores de tecnologia. E o que temos visto em todo esse episódio do “petrolão” é a lubrificação dos dutos que podem, mesmo que não houvesse intenção, levar o nosso petróleo gratuitamente para alhures e destruir o que nos resta de tecnologia própria nas empresas de energia e construção civil-mecânica. 

Acredite, caro Joaquim, os abutres já estão a grasnar: “entreguem tudo às empresas estrangeiras”; e, se elas tomarem conta do pedaço que nos resta, adeus à soberania e à tecnologia nacional. E isso, acredito, nem você nem o juiz Moro querem. Certo?

Seria muito bom que juristas de escol colocassem os seus saberes para impedir a alienação de riquezas e patrimônios nacionais. Que achas da ideia? Se você puder convide o juiz Moro e apareçam em dois atos em defesa da Petrobras e Soberania Nacional: dia 24/02, terça-feira, às18h, na Associação Brasileira de Imprensa, e no dia seguinte, 25/02, quarta-feira, às 17h, no Clube de Engenharia.

O que está em jogo são os destinos soberanos do Brasil. Quebrem-se os políticos e dirigentes corruptos, mas não a grande estatal e a engenharia nacional.

Cordialmente.

Weber Figueiredo da Silva, D.Sc.
Professor na Engenharia do CEFET-RJ








Onde:

http://www.conversaafiada.com.br/brasil/2015/02/23/barbosa-moro-venham-ao-ato-de-defesa-da-petrobras-%E2%80%8B/

http://www.ivancabral.com/2009/09/blog-post.html

domingo, 22 de fevereiro de 2015

Raiz da crise

Crise financeira internacional # Lex Drewinski




Pesar do mundo (Paulo Neves - Zé Miguel Wisnik) # Caetano Veloso






"A raiz da crise reside no fundo do poço que separa o que já morreu  do que não nasceu ainda."

Antônio Gramsci




Globalização # Lex Drewinski


Onde:


Onqotô # Caetano Veloso

http://likesuccess.com/137747

https://www.facebook.com/LexDrewinski

sábado, 21 de fevereiro de 2015

Mão na massa

Inside Job # Charles Ferguson


Esse documentário, sobre a maior fraude bancária de todos os tempos e que gerou a crise financeira na qual o mundo está mergulhado, está disponível, com legendas em português, no Popcorn Time.



A dança dos banqueiros ( Edu Lobo) # Edu Lobo



A MÃO DA RUA 


Saulo Leblon

A Islândia é uma nação diminuta perto do Brasil, uma espécie de Santa Catarina de gelo, com população menor que a de Jundiaí. Apenas 320 mil habitantes.

Se é possível dizer que essas características lhe dão flexibilidade para soluções impensáveis aos ‘baleias’ -- viver de turismo e pesca, por exemplo -- também é verdade que o seu poder de barganha é infinitamente menor.

Guiar-se pelo imperativo dos mercados seria o previsível no seu caso, deixando-se levar de forma mais ou menos passiva pela maré dos interesses graúdos que dominam a cena global.

Não foi o que ocorreu na crise de 2008.

Driblar a fatalidade de uma receita de arrocho em condições de estresse econômico e político extremo, eis aí uma dimensão que conecta as singularidades dessa ilha polar às urgências dos trópicos nos dias que correm.

A crise mundial de 2008 pegou a economia e a sociedade islandesa no contrapé de uma vulnerabilidade extrema, confrontando-a, entre outros, com interesses bancários britânicos, alemães e holandeses.
A Islândia não tinha mais nada a perder – e isso não é retórico. A banca do país mergulhara de cabeça na farra financeira da década e havia acumulado o equivalente a uma dúzia de PIBs em operações e compromissos tornados impagáveis do dia para a noite.
Quando a ciranda parou de girar com a explosão da bolha imobiliária nos EUA, os credores externos – bancos europeus — quiseram empurrar a fatura para a população.
A ideia era transformar a Islândia num duto conectado à central de sucção da finança global, que assim resolveria a sua parte no imbróglio escalpelando a sociedade -- como de fato tem sido feito com vários outros países.
O pagamento seria em moeda sonante e em espécie: alguns milhares de dólares per capita em impostos, cortes de gastos, privações, privatizações, demissões e o que mais fosse necessário para servir ao principal e aos juros por longos dez anos a quinze anos.
A nota dissonante suficientemente conhecida é que a população islandesa não concordou.
Em vez de se entregar à mastigação ela resolveu ajustar a engrenagem a seu favor, e não aos desígnios da banca ou de seus acionistas.
Ao recusar o matadouro inverteu a sentença: em sucessivos plebiscitos, a população decidiu deixar a banca quebrar, estatizou a sobra e colocou banqueiros na cadeia.
Parecia um delírio no gelo, mas o vaticínio do fracasso devastador não se confirmou.
Ao contrário. Deu certo. E os dados mais recentes confirmam a vantagem do método em relação ao quadro de terra arrasada observado em sociedades que seguiram a receita oposta.
Essa é a notícia fresca na praça, pouco contemplada porém pela emissão conservadora.
A mão plebiscitária da democracia pode corrigir e ordenar uma transição de ciclo econômico melhor que a do mercado sozinha.
Isso é tão útil e carregado de atualidade numa hora em que a Grécia se rebela e o Brasil se depara com a encruzilhada do seu crescimento que fica a dúvida: por que o saldo favorável da experiência islandesa com a mão dupla não borbulha nas manchetes e escaladas do glorioso jornalismo de economia?
Um bom pedaço da explicação está justamente no fato de que os resultados exibidos pelos hereges afrontam a fatalidade que amparou e preserva a solução defendida pelo mainstream aqui e em todo o planeta.
Afinal, se ‘there is no alternative’, como dizia lady Tatcher, o melhor é esquecer o mau exemplo islandês.
As estatísticas do país mostram o inaceitável: há vida fora do limbo a que foram encurraladas as economias submetidas a ajustes tidos como mais consistentes e responsáveis.
Em todas elas – tirando a boa saúde da riqueza financeira -- os demais indicadores rastejam e escavam o fundo do abismo para o qual foram empurrados a partir de 2008..
Tome-se os resultados ilustrativos da Grécia em transe (25% de desemprego), Portugal (45% de aumento da pobreza nos últimos cinco anos), Itália (dívida de 130% do PIB) e Espanha (50% da juventude sem trabalho).
Invariavelmente é assim: os indicadores de pobreza, PIB, emprego, dívida pública e desempenho fiscal encontram-se muito mais deteriorados do que antes de dar entrada à UTI salvadora.
Ajuda a entender, talvez, cogitar que o tratamento de choque é para isso mesmo: para exaurir o organismo, sob monitoramento especializado, de modo a extrair dele o que se quer: a transfusão de riqueza aos mercados e credores.
No caso da Islândia aconteceu o oposto. Depois de amargar um retrocesso superior a 8% do PIB, em 2008, com taxas de desemprego explosivas de 12%, o país deu as costas aos mercados e voltou a crescer.
A estimativa para este ano é de uma expansão do PIB 3,5%, com uma taxa de desemprego que já recuou para um degrau confortável em torno de 3,5%. 
A economia deixou de ser um guichê do sistema financeiro internacional e se voltou para seus poucos mas consistentes trunfos – sendo o turismo o principal deles, ao trazer anualmente um fluxo de um milhão de visitantes, três vezes o tamanho da população
Em um giro pela Europa esta semana, o presidente Olafur Ragnar Grimsson explicou aos jornalistas atônitos, a receita de sucesso do liliputiano universo islandês contra um mercado comandado por gullivers financeiros nada amistosos nem colaborativos.
‘Você tem que ter a economia em uma mão e a democracia na outra’, resumiu Grimsson ao El País.
Para ter a economia na mão, a Islândia, além de deixar quebrar e estatizar bancos, cometeu outras sugestivas heresias.
A primeira foi adiar seu processo de adesão ao euro ficando livre para manejar a própria moeda, drasticamente desvalorizada para atrair capitais, baratear exportações e fortalecer o turismo.
Sobretudo, porém, não hesitou em decretar um rigoroso controle de capitais impedindo que os fluxos especulativos fizessem da sua crise uma pista de pousos e decolagens de especuladores e chantagistas financeiros.
O controle de capitais islandês persiste; hoje estabelece cotas para a presença de fundos na economia como uma proporção do PIB, uma espécie de trava de segurança para salvaguardar o comando do país na mão da sociedade, e não dos circuitos financeiros voláteis.
Enfim, o que a pequena Islândia fez de muito anormal foi inscrever na própria engrenagem econômica o controle da nação sobre o dinheiro.
O que o exemplo das duas mãos do presidente Grimsson demonstra é que essa foi uma ação política, não uma fórmula técnica.
Expor o mercado ao diálogo direto com a democracia, leia-se, com o discernimento e as escolhas da sociedade, é o pulo do gato para escapar à rendição incondicional à chibata insaciável dos impulsos rapinosos.
A Islândia não descobriu a pólvora, mas teve a coragem de usá-la em proporções adequadas na hora certa, contra um alvo devastador.
Num mundo em que a ubiquidade das finanças desreguladas gera a crise e avia a receita para seus efeitos, sem espaço para uma segunda opinião, ela ousou mudar as instâncias ordenadoras do seu futuro até então capturadas pela insanidade financeira.
A metáfora do dirigente islandês, note-se, dirigente de um governo de centro direita, remete diretamente à encruzilhada brasileira.
Seu cerne é a questão do poder subjacente às escolhas políticas que se disfarçam em ciência econômica.
Aquilo que ele denomina ‘a mão da democracia’.
Engana-se quem supõe que a escolha islandesa envolvia grandezas singelas sendo por isso foi tolerada.
A quebra de seu sistema financeiro gerou um apreciável rombo da ordem US$ 85 a mais de US$ 100 bilhões nos credores europeus.
Quem pagaria a conta?
A resposta imediatamente sugerida pelo mercado teve o efeito de um choque de realidade no ambiente entorpecido de consumismo e crédito fácil vivido até então pela sociedade islandesa.
O país, como de resto o mundo, surfou durante anos de vento em popa num mar de liquidez irreal.
Em 2007 sua renda per capita estava entre as seis maiores do mundo. Um islandês tinha então um padrão de vida em dólar mais de 50% superior ao desfrutado por um norte-americano.
Nem a pesca do bacalhau, nem o turismo, sempre forte, explicavam o fastígio de consumo, luxo e certa ostentação dos ricaços.
Por trás do reluzente bisão de ouro estava a engenharia financeira que catapultou três modestos bancos locais ao grupo dos 300 maiores titãs do vale tudo financeiro mundial.
Como? Gerando uma imensa espuma de operações ancoradas na lógica das pirâmides, operações ‘apoiadas’ em prazos descasados, crédito abundante e sem lastro em reservas, promessas de rentabilidade descoladas da vida real, ações puxadas por operações fraudulentas de bolsa em triangulações bancárias, ademais de associações ilícitas entre governantes e banqueiros e outras modalidades e práticas de multiplicação da riqueza papeleira.
Em resumo, a Islândia entrou de cabeça na onda e virou a estação de esqui do malabarismo financeiro e especulativo.
Ativos inativáveis foram sendo empilhados para formar uma gigantesca torre de babel de temeridade financeira, cujo valor passou em poucos anos do equivalente a um PIB islandês para dois, três, quatro, cinco ...
Chegou a algo como doze vezes o PIB nacional, o que na prática inverteu a razão jurídica da sociedade: a Islândia era um sistema bancário que possuía um país, não o inverso.
Esse traço revelar-se-ia particularmente assertivo na esfera das relações políticas entre governantes e bancos.
Em setembro de 2008 essa metáfora do nosso tempo ruiu de uma só vez quando os credores chegaram no fim de festa com a conta, dispostos a espeta-la no lombo dos 320 mil islandeses de carne e osso.
Tangido pelos protestos, o governo que já havia se rendido convocou um plebiscito que decidiu por 93% não pagar a dívida e nacionalizar o sistema financeiro.
Uma nova consulta, em abril de 2011, agora cercada de pressões e terrorismo, ademais de certa suavização de imposições, teve mais de 60% de nova rejeição.
Não foi um processo linear.
Definitivamente, o capitalismo em crise não é um enredo de heróis inquestionáveis e virtudes angelicais.
A determinação dos islandeses na sua dramática viagem de volta ao próprio país conheceu revezes.
Um deles incluiu uma ida ao FMI no meio do caminho.
Mas o fato é que não se pagou os bancos e não se arrochou a sociedade para prover rentistas.
Banqueiros fraudulentos foram em cana e se fez um bem sucedido controle de capitais.
Hoje o país emerge como um solitário ponto de vitalidade em um cenário global que tem no impasse entre Grécia e Alemanha o retrato de um esgotamento de ciclo e de método, cuja superação dificilmente poderá prescindir das lições islandesas.
Uma delas soa particularmente pertinente a um Brasil enredado na complexa busca de um novo impulso de crescimento em meio à desordem mundial.
Até que ponto uma alternativa ao arrocho ensaiado por aqui é viável sem se recorrer à mão da democracia que tão bons serviços prestou aos islandeses?
A tarefa de ajudar a mão do mercado – reordenando-a a favor da sociedade -- não parece estar ao alcance, nem nas cogitações, da democracia representativa realmente existente no país.
Eduardo Cunha e o seu agendamento religioso homofóbico que o digam.
A Islândia conseguiu driblar essa armadilha graças ao arcabouço plebiscitário de uma democracia em que 1.500 assinaturas bastam para se convocar uma consulta popular.
O equilíbrio reiterado pelo presidente islandês entre as duas mãos derrapa quando esse extravasamento do poder para a rua é boicotado pelo intercurso da política com o numerário empresarial.
Ademais de erradicar o financiamento privado de campanhas, o Brasil precisa reforçar a mão da democracia na rua, se quiser um dia redesenhar sua travessia para um novo ciclo de desenvolvimento, sem delegar ao mercado a distribuição do seu custo.



Onde:

O grande circo místico # Edu Lobo e Chico Buarque

http://cartamaior.com.br/?/Editorial/A-mao-da-rua/32908

https://popcorntime.io/

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Feliz Ano da Cabra




Desejo Auspicioso

Neste exato momento, possam nem mesmo os nomes doença, fome, guerra e sofrimento ser ouvidos pelas pessoas e nações da Terra.
Mas possam sim, sua conduta moral, mérito, riqueza e prosperidade crescer, e possam a suprema bem-aventurança e bem-estar sempre surgir para elas.

Extraído da sadana de Tara Vermelha do Chagdud Gonpa Brasil





Erros fecundos adubam verdades profundas

Macanudo # Liniers



The turning point (Artur Andres de Ribeiro) # Uakti




"A estreita ligação do erro com a verdade nasce do fato de um erro simples e consumado ser inconcebível e, por ser inconcebível, não existir. O erro fala com duas vozes, uma delas afirma o falso, mas a outra desmente-o."

Benedetto Croce - Breviario di Estetica



Onde:

I Ching # Uakti

http://www.citador.pt/frases/citacoes/t/erro/110

http://www.macanudo.com.ar/

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Supersimetria ou Multiverso? Quantum falta para descobrirmos?

Macanudo # Liniers



Particle fever # Mark A. Levinson

Esse documentário emocionante e altamente recomendável está disponível no Netflix, com legendas em português




Across the universe (John Lennon - Paul McCartney) # André Mehmari


DOES GOD PLAY DICE?

Stephen Hawking













Onde:


Beatles # André Mehmari

http://www.macanudo.com.ar/

http://www.netflix.com/WiMovie/70296323?trkid=13462100

http://www.hawking.org.uk/index.html

http://www.andremehmari.com.br/

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Nostalgia da luz

Nostalgia de la luz (fragmento) # Direção: Patrício Guzmán





Violetas para Violeta (Joaquín Sabina) # Mercedes Sosa e Joaquín Sabina




"Os que têm memória são capazes de viver no frágil momento presente. Os que não a têm não vivem em nenhuma parte". 


Que esse belíssimo documentário possa inspirar a reflexão sobre os flertes com o golpismo da "turma do impeachment" e lançar luzes sobre o significado real desse comportamento agressivo, histérico e irresponsável. Vejam acima as consequências concretas da ruptura de uma ordem democrática e institucional. Prestem bastante atenção ao que acontece quando se achincalha o pacto social originário da soberania popular e se desconsidera a vontade das urnas. Reparem bem no que ocorre quando se empodera forças autoritárias, refratárias ao controle social e incapazes de conviver com a pluralidade, a liberdade e a diferença. Forças que desrespeitam as normas, as instituições, os valores civilizatórios mais elementares, os direitos humanos, a dignidade essencial.



Onde:


Cantora 2 # Mercedes Sosa e artistas

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Tudo passa, tudo permanece

Foto: Raul Touzon



Caminhos do mar (Dorival Caymmi - Danilo Caymmi - Dudu Falcão)#
Gal Costa




XLIV

Todo pasa y todo queda; 

pero lo nuestro es pasar, 
pasar haciendo caminos, 
caminos sobre la mar. 


Antonio Machado - Proverbios y cantares





Onde:

Gal de tantos amores # Gal Costa

http://es.wikisource.org/wiki/Proverbios_y_cantares_%28Campos_de_Castilla%29

http://www.allposters.com/-st/Raul-Touzon-Posters_c73677_.htm

sábado, 7 de fevereiro de 2015

O todo e a parte: trama intrincada de conexões e interdependência

BBC 2 - Secrets of our Living Planet- Waterworlds # Chris Packham



Os caracóis-maçã salvam a região do Pantanal de perecer na podridão, com a ajuda de sua arma secreta, um snorkel!   Na época das cheias, eles reciclam e oxigenam o ecossistema, que de outro modo morreria sufocado pela falta do precioso gás. Na vazante, eles continuam o trabalho de decomposição da matéria orgânica, fundamental para a saúde e o equilíbrio do Pantanal e de todas as suas formas de vida. Moluscos são o sustentáculo desse complexo habitat, um dos mais ricos em biodiversidade do planeta. E ainda servem de alimento para répteis, aves e mamíferos do lugar.

Da forma similar, os caranguejos de Sunderbans, na Índia, criam uma rede de túneis que levam oxigênio e nutrientes para as raízes do mangue, sustentando os herbívoros, que por sua vez alimentam os tigres. Os ursos pardos, comedores de salmões, espalham pelas florestas temperadas do norte, os nutrientes marinhos essenciais à existência das plantas e dos animais nativos. Nas savanas africanas, a grama possibilita o desenvolvimento de uma rede sofisticada de relações de troca e interdependência. Nos oceanos os processos envolvendo cadeias intrincadas de seres se repetem.

A teia da vida é perfeita e seus elementos têm importância e sentido. Nada está separado, isolado ou fora de lugar. Todos  são imprescindíveis, participam do conjunto, colaboram com ele e a ele devem sua existência. Seja mineral, vegetal ou animal. 

A Natureza produziu o maravilhoso planeta em que vivemos. Até onde sabemos, ele é um fato raro, quiçá único, no Universo. Nós, humanos, seres recentes e predadores agressivos, sem compreendê-la, sem amá-la, e sem conhecer as consequências de nossa atividade disruptora, estamos destruindo, em curto espaço de tempo, uma obra que levou 4,5 bilhões  anos para chegar a este ponto. Conosco ou sem nós, a Terra seguirá seu caminho até a extinção do sol. Nós precisamos muito mais dela do que ela de nós.

Quem é mesmo a inteligência do pedaço?






Onde:

http://www.bbc.co.uk/programmes/b01k73zy

http://www.netflix.com/WiMovie/70299013

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Medicalização da capacidade de enfrentar adversidades

Grégoire Murith





As três mais lucrativas e poderosas indústrias do planeta: a de armas, a de petróleo e a farmacêutica.

A busca por petróleo e controle das fontes de energia produz guerras. As guerras são a matéria-prima da indústria bélica. Ferimentos, traumas, mutilações e todo tipo de doenças físicas e mentais resultantes dessa parceria abjeta nutrem as corporações farmacêuticas.

Quando será que teremos o conhecimento, a ciência, a tecnologia, os recursos naturais, enfim, as forças produtivas, à serviço da vida, da paz e do bem-estar da humanidade e dos outros seres? 





ENTREVISTA  COM  ALLEN FRANCES


Allen Frances (Nova York, 1942) dirigiu durante anos o Manual Diagnóstico e Estatístico (DSM), documento que define e descreve as diferentes doenças mentais. Esse manual, considerado a bíblia dos psiquiatras, é revisado periodicamente para ser adaptado aos avanços do conhecimento científico. Frances dirigiu a equipe que redigiu o DSM IV, ao qual se seguiu uma quinta revisão que ampliou enormemente o número de transtornos patológicos. Em seu livro Saving Normal (inédito no Brasil), ele faz uma autocrítica e questiona o fato de a principal referência acadêmica da psiquiatria contribuir para a crescente medicalização da vida.

No livro, o senhor faz um mea culpa, mas é ainda mais duro com o trabalho de seus colegas do DSM V. Por quê?

Fomos muito conservadores e só introduzimos [no DSM IV] dois dos 94 novos transtornos mentais sugeridos. Ao acabar, nos felicitamos, convencidos de que tínhamos feito um bom trabalho. Mas o DSM IV acabou sendo um dique frágil demais para frear o impulso agressivo e diabolicamente ardiloso das empresas farmacêuticas no sentido de introduzir novas entidades patológicas. Não soubemos nos antecipar ao poder dos laboratórios de fazer médicos, pais e pacientes acreditarem que o transtorno psiquiátrico é algo muito comum e de fácil solução. O resultado foi uma inflação diagnóstica que causa muito dano, especialmente na psiquiatria infantil. Agora, a ampliação de síndromes e patologias no DSM V vai transformar a atual inflação diagnóstica em hiperinflação.

Seremos todos considerados doentes mentais?

Algo assim. Há seis anos, encontrei amigos e colegas que tinham participado da última revisão e os vi tão entusiasmados que não pude senão recorrer à ironia: vocês ampliaram tanto a lista de patologias, eu disse a eles, que eu mesmo me reconheço em muitos desses transtornos. Com frequência me esqueço das coisas, de modo que certamente tenho uma demência em estágio preliminar; de vez em quando como muito, então provavelmente tenho a síndrome do comedor compulsivo; e, como quando minha mulher morreu a tristeza durou mais de uma semana e ainda me dói, devo ter caído em uma depressão. É absurdo. Criamos um sistema de diagnóstico que transforma problemas cotidianos e normais da vida em transtornos mentais.

Com a colaboração da indústria farmacêutica...

Não soubemos nos antecipar ao poder dos laboratórios de criar novas doenças
R. É óbvio. Graças àqueles que lhes permitiram fazer publicidade de seus produtos, os laboratórios estão enganando o público, fazendo acreditar que os problemas se resolvem com comprimidos. Mas não é assim. Os fármacos são necessários e muito úteis em transtornos mentais severos e persistentes, que provocam uma grande incapacidade. Mas não ajudam nos problemas cotidianos, pelo contrário: o excesso de medicação causa mais danos que benefícios. Não existe tratamento mágico contra o mal-estar.

O que propõe para frear essa tendência?

Controlar melhor a indústria e educar de novo os médicos e a sociedade, que aceita de forma muito acrítica as facilidades oferecidas para se medicar, o que está provocando além do mais a aparição de um perigosíssimo mercado clandestino de fármacos psiquiátricos. Em meu país, 30% dos estudantes universitários e 10% dos do ensino médio compram fármacos no mercado ilegal. Há um tipo de narcótico que cria muita dependência e pode dar lugar a casos de overdose e morte. Atualmente, já há mais mortes por abuso de medicamentos do que por consumo de drogas.

Em 2009, um estudo realizado na Holanda concluiu que 34% das crianças entre 5 e 15 anos eram tratadas por hiperatividade e déficit de atenção. É crível que uma em cada três crianças seja hiperativa?

Claro que não. A incidência real está em torno de 2% a 3% da população infantil e, entretanto, 11% das crianças nos EUA estão diagnosticadas como tal e, no caso dos adolescentes homens, 20%, sendo que metade é tratada com fármacos. Outro dado surpreendente: entre as crianças em tratamento, mais de 10.000 têm menos de três anos! Isso é algo selvagem, desumano. Os melhores especialistas, aqueles que honestamente ajudaram a definir a patologia, estão horrorizados. Perdeu-se o controle.

E há tanta síndrome de Asperger como indicam as estatísticas sobre tratamentos psiquiátricos?

Esse foi um dos dois novos transtornos que incorporamos no DSM IV, e em pouco tempo o diagnóstico de autismo se triplicou. O mesmo ocorreu com a hiperatividade. Calculamos que, com os novos critérios, os diagnósticos aumentariam em 15%, mas houve uma mudança brusca a partir de 1997, quando os laboratórios lançaram no mercado fármacos novos e muito caros, e além disso puderam fazer publicidade. O diagnóstico se multiplicou por 40.

A influência dos laboratórios é evidente, mas um psiquiatra dificilmente prescreverá psicoestimulantes a uma criança sem pais angustiados que corram para o seu consultório, porque a professora disse que a criança não progride adequadamente, e eles temem que ela perca oportunidades de competir na vida. Até que ponto esses fatores culturais influenciam?

Sobre isto tenho três coisas a dizer. Primeiro, não há evidência em longo prazo de que a medicação contribua para melhorar os resultados escolares. Em curto prazo, pode acalmar a criança, inclusive ajudá-la a se concentrar melhor em suas tarefas. Mas em longo prazo esses benefícios não foram demonstrados. Segundo: estamos fazendo um experimento em grande escala com essas crianças, porque não sabemos que efeitos adversos esses fármacos podem ter com o passar do tempo. Assim como não nos ocorre receitar testosterona a uma criança para que renda mais no futebol, tampouco faz sentido tentar melhorar o rendimento escolar com fármacos. Terceiro: temos de aceitar que há diferenças entre as crianças e que nem todas cabem em um molde de normalidade que tornamos cada vez mais estreito. É muito importante que os pais protejam seus filhos, mas do excesso de medicação.

Na medicalização da vida, não influi também a cultura hedonista que busca o bem-estar a qualquer preço?

Os seres humanos são criaturas muito maleáveis. Sobrevivemos há milhões de anos graças a essa capacidade de confrontar a adversidade e nos sobrepor a ela. Agora mesmo, no Iraque ou na Síria, a vida pode ser um inferno. E entretanto as pessoas lutam para sobreviver. Se vivermos imersos em uma cultura que lança mão dos comprimidos diante de qualquer problema, vai se reduzir a nossa capacidade de confrontar o estresse e também a segurança em nós mesmos. Se esse comportamento se generalizar, a sociedade inteira se debilitará frente à adversidade. Além disso, quando tratamos um processo banal como se fosse uma enfermidade, diminuímos a dignidade de quem verdadeiramente a sofre.

E ser rotulado como alguém que sofre um transtorno mental não tem consequências também?

Muitas, e de fato a cada semana recebo emails de pais cujos filhos foram diagnosticados com um transtorno mental e estão desesperados por causa do preconceito que esse rótulo acarreta. É muito fácil fazer um diagnóstico errôneo, mas muito difícil reverter os danos que isso causa. Tanto no social como pelos efeitos adversos que o tratamento pode ter. Felizmente, está crescendo uma corrente crítica em relação a essas práticas. O próximo passo é conscientizar as pessoas de que remédio demais faz mal para a saúde.

Não vai ser fácil…

Certo, mas a mudança cultural é possível. Temos um exemplo magnífico: há 25 anos, nos EUA, 65% da população fumava. Agora, são menos de 20%. É um dos maiores avanços em saúde da história recente, e foi conseguido por uma mudança cultural. As fábricas de cigarro gastavam enormes somas de dinheiro para desinformar. O mesmo que ocorre agora com certos medicamentos psiquiátricos. Custou muito deslanchar as evidências científicas sobre o tabaco, mas, quando se conseguiu, a mudança foi muito rápida.

Nos últimos anos as autoridades sanitárias tomaram medidas para reduzir a pressão dos laboratórios sobre os médicos. Mas agora se deram conta de que podem influenciar o médico gerando demandas nos pacientes.

Há estudos que demonstram que, quando um paciente pede um medicamento, há 20 vezes mais possibilidades de ele ser prescrito do que se a decisão coubesse apenas ao médico. Na Austrália, alguns laboratórios exigiam pessoas de muito boa aparência para o cargo de visitador médico, porque haviam comprovado que gente bonita entrava com mais facilidade nos consultórios. A esse ponto chegamos. Agora temos de trabalhar para obter uma mudança de atitude nas pessoas.

Em que sentido?

Que em vez de ir ao médico em busca da pílula mágica para algo tenhamos uma atitude mais precavida. Que o normal seja que o paciente interrogue o médico cada vez que este receita algo. Perguntar por que prescreve, que benefícios traz, que efeitos adversos causará, se há outras alternativas. Se o paciente mostrar uma atitude resistente, é mais provável que os fármacos receitados a ele sejam justificados.

E também será preciso mudar hábitos.

Sim, e deixe-me lhe dizer um problema que observei. É preciso mudar os hábitos de sono! Vocês sofrem com uma grave falta de sono, e isso provoca ansiedade e irritabilidade. Jantar às 22h e ir dormir à meia-noite ou à 1h fazia sentido quando vocês faziam a sesta. O cérebro elimina toxinas à noite. Quem dorme pouco tem problemas, tanto físicos como psíquicos.

http://jornalggn.com.br/noticia/diretor-do-dsm-fala-sobre-a-medicalizacao-da-vida



Onde:

http://brasil.elpais.com/brasil/2014/09/26/sociedad/1411730295_336861.html

http://positive-posters.com/posters/profiles/?pid=5666

http://www.gregoiremurith.com/


quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Love is in the air

Libélulas se acasalando



Façamos (Cole Porter - versão: Carlos Rennó) # Elza Soares e Chico Buarque



Onde:

Canções e versões - Cole Porter & George Gershwin
Carlos Rennó e vários intérpretes

https://www.pinterest.com/getteakai/dragonfly/

http://www1.uol.com.br/cancoesversoes/

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Felicidade

Filme de Peter Chelsom
(Disponível no Popcorn Time)



A gente merece ser feliz (Ivan Lins) # Ivan Lins & The Metropole Orchestra - Regente: Vince Mendoza



Hector and the search for hapinness


1- Fazer comparações pode prejudicar sua felicidade.

2- Muitas pessoas acham que a felicidade é ser mais rico e mais importante.

3- Muitas pessoas só imaginam a felicidade no futuro.

4- Felicidade pode ser a liberdade de amar mais de uma mulher (um homem) ao mesmo tempo.

5- Às vezes a felicidade é não saber toda a história.

6- Evitar a tristeza não é o caminho para a felicidade.

7- Seu(sua) companheiro (a) o (a) leva sempre : a) para cima, ou b) para baixo?

8- Felicidade é seguir sua vocação.

9- Felicidade é se sentir amado por ser você mesmo(a).

10- Ensopado de batata-doce!

11- O medo impede a felicidade.

12- A felicidade é se sentir inteiramente vivo(a).

13- Felicidade é saber como comemorar.

14- Saber ouvir é saber amar.

15- Nostalgia não é mais como era antigamente.

16- Sempre pegue a caneta dos amigos.




Onde:


Ivan Lins & The Metropole Orchestra

https://popcorntime.io/