sexta-feira, 31 de julho de 2015

Vida real x vida virtual




Por que as pessoas usam o celular e redes sociais de forma excessiva?

Eduardo Guedes*

Não faz muito tempo, para falar com alguém precisaríamos ligar para o telefone fixo da pessoa. Conhecíamos as vozes dos pais, irmãos, filhos, marido ou esposa. Tínhamos uma certa disciplina e normas de etiqueta social, pois telefonar muito tarde para a casa de alguém significaria, possivelmente, acordar a sua família inteira. Tínhamos também um certo planejamento, pois marcar um encontro no final de semana exigia pontualidade no horário e local previamente acordado.

O mundo evolui. E evoluiu rápido, felizmente. O telefone fixo, que antes era patrimônio declarado no imposto de renda, deixou de ser a estrela da casa. Cada membro da família ganhou o seu telefone particular. Na verdade, mais do que isso, receberam poderosos computadores de bolso que funcionam como tocadores de músicas, despertador, e-mail, GPS, mensagens instantâneas, câmera fotográfica, gravador, entre milhares de outras funções.


Sem dúvida, não podemos negar os benefícios que o avanço das tecnologias de informação e comunicação (TICS) produziram e produzem. Desde as tecnologias mais antigas, como a pintura rupestre, o propósito original sempre foi otimizar o tempo, encurtar distâncias ou nutrir as relações humanas. Através do Waze,você consegue escolher as melhores rotas, fugir do transito e otimizar o seu tempo; com o WhatsApp, você compartilha momentos com fotos e emoticons enviados para a sua esposa e filhos; e através das redes sociais se comunica com pessoas distantes com quem não falaria normalmente no dia a dia.

O curioso é que estas mesmas tecnologias que aproximam pessoas distantes, se mal utilizadas, também distanciam pessoas próximas, prejudicam o tempo e servem como gatilho de problemas relacionais. Na verdade, o problema não é a tecnologia em si, ou o tempo que você dedica, mas sim o uso abusivo e a forma com que se relaciona com a tecnologia. A esposa que briga com o marido pela mensagem que foi lida mas não foi respondida naquele mesmo instante; a família que mal conversa entre si durante os almoços de domingo, pois cada um prefere ficar mergulhado no mundo particular de seus dispositivos e apps; e as horas de sono perdidas em navegações intermináveis madrugada adentro no mural do Facebook.

O mundo das tecnologias é mesmo muito convidativo, benéfico e transformador, mas pode se tornar um universo raso, de muitas interações e pouca profundidade e, também , palco de fuga ou idealizações.

Assim como aconteceu com a chegada do jornal, o rádio e a televisão, a internet está atualmente transformando os hábitos da sociedade. Em paralelo à vida real há uma sociedade virtual, movida por meio das novas tecnologias. Em função disso, as pessoas também estão vivendo vidas paralelas: uma real e uma virtual. Através da internet, elas adicionam novos amigos, namoram, compram, trabalham, ganham dinheiro, pesquisam, estudam, escrevem mensagens no lugar de bilhetes ou cartas. O problema é que muitos agem como se tivessem de fato duas personalidades, o que na verdade é uma ilusão. A vida virtual é uma extensão da vida real e não um substituto ou uma alternativa.

O mecanismo do prazer, vivenciado através de redes sociais, estimula uma determinada área do cérebro conhecida como córtex cerebral e ativa um sistema de recompensa equivalente a se alimentar, dormir, praticar sexo, ganhar dinheiro etc. O uso abusivo destas tecnologias ativa o mesmo sistema neurobiológico, estimulado no consumo de álcool e drogas, liberando no corpo substâncias como a dopamina, que geram uma sensação de prazer. Entretanto, na prática, o usuário abusivo começa a, lentamente, substituir as relações na vida real pelo mundo virtual e passa a ter um comportamento repetitivo em busca das mesmas sensações de prazer vivenciadas anteriormente.

Em outras palavras: falar de si mesmo gera prazer. Nas conversas normais uma pessoa usa em torno de 30% do tempo para falar de si próprio. Nas redes sociais este indicador sobe para 90%, com possibilidade de um feedback instantâneo, pois muitas pessoas curtem ou comentam a foto ou a mensagem publicada. Entretanto, pesquisas indicam que mais da metade dos usuários ativos de redes sociais se consideram mais infelizes do que os seus amigos virtuais, pois substituem as relações na vida real pelo mundo virtual e vivem uma história editada, que não conseguem sustentar no dia a dia. No Facebook e Instagram, não existe crise financeira nem problemas conjugais, todos têm dinheiro, o emprego dos sonhos, o casamento perfeito, viagens maravilhosas, etc.

Vivemos realmente tempos barulhentos. Nossa cultura ensina que é preciso produzir sempre mais como indicador de sucesso ou felicidade. Dentro deste contexto, precisamos postar e compartilhar numa tentativa de gritar ao mundo o desejo de pertencimento e alimentar a satisfação do próprio ego. Nos casos mais graves, as redes sociais passam a ser um palco sombrio de fuga ou idealização, em uma peça de teatro inventada mas que sempre terá plateia cheia.

* Membro do Instituto Delete, pesquisador do Instituto de Psiquiatria da UFRJ e especialista sobre o impacto das redes sociais no comportamento humano.


Onde:


http://site.adital.com.br/site/noticia.php?lang=PT&cod=85965

terça-feira, 28 de julho de 2015

Os intocáveis

Charge de Aroeira


Onde:

https://www.facebook.com/media/set/?set=a.1136991803028.15372.1774377871&type=1

segunda-feira, 27 de julho de 2015

(In)comunicação moderna

Macanudo # Liniers


Uma interrogação moderna
- Mas que quer dizer "interlocutor"? Eu só conheço os locutores...
Mario Quintana



Onde:

Caderno H # Mario Quintana
Editora Globo

http://www.macanudo.com.ar/

domingo, 26 de julho de 2015

Em nome da moralidade, instaura-se a arbitrariedade

Charge de Aroeira


Morais da Rosa: com delação e pena negociada, Direito Penal também é lavado a jato


Fernando Brito

De novo, o juiz Alexandre Morais da Rosa, de Santa Catarina , desta vez em parceria com o advogado e professor titular da PUC-RS Aury Lopes Jr. – publica um artigo no site jurídico Conjur que – exceto, talvez, por uma expressão ou outra- pode ser perfeitamente compreendido por qualquer pessoa de bom-senso, mesmo não operadora do Direito.

Compreensível e apavorante.

De início, ele sugere que as transações penais provocadas pela delação premiada e os acordos que por elas se fazem, ao extremo, podem levar a uma “pena sem processo e sem juiz”. Diz ele que o juiz pode ficar reduzido ao papel de mero ‘homologador’ do acordo,” muitas vezes feito às portas do tribunal”.

Este modelo de transação penal, dizem os autores, ” viola desde logo o pressuposto fundamental da jurisdição, pois a violência repressiva da pena não passa mais pelo controle jurisdicional e tampouco se submete aos limites da legalidade, senão que está nas mãos do Ministério Público e submetida à sua discricionariedade. Isso significa uma inequívoca incursão do Ministério Público em uma área que deveria ser dominada pelo tribunal, que erroneamente limita­-se a homologar o resultado do acordo entre o acusado e o promotor.”

Morais da Rosa e Lopes Jr. afirmam que o acordo acusado x MP pode transformar o processo penal “em um instrumento de pressão, capaz de gerar autoacusações falsas, testemunhos caluniosos por conveniência, obstrucionismo ou prevaricações sobre a defesa, desigualdade de tratamento e insegurança”.

De um lado. em nome de uma delação, o MP pode usar a acusação “como um instrumento de pressão, solicitando altas penas e pleiteando o reconhecimento de figuras mais graves do delito, ainda que sem o menor fundamento.” De outro, “o furor negociador da acusação pode levar à perversão burocrática, em que a parte passiva não disposta ao “acordo” vê o processo penal transformar‑se em uma complexa e burocrática guerra”.

O desequilíbrio de forças entre defesa e acusação, sustentam eles, “faz com que as pressões psicológicas e as coações sejam uma prática normal, para compelir o acusado a aceitar o acordo e também a “segurança” do mal menor de admitir uma culpa, ainda que inexistente. Os acusados que se recusam a aceitar a delação ou negociação são considerados incômodos e nocivos, e sobre eles pesarão todo o rigor do direito penal ‘tradicional’, onde qualquer pena acima de 4 anos impede a substituição e, acima de 8 anos, impõe o regime fechado.”

Ou não, porque os autores se escandalizam com a sentença aplicada por estes dias pelo Dr. Sérgio Moro – a quem não citam nominalmente, por ética profissional – “em que alguém — beneficiado pela delação premiada (ou seja, pena negociada) — é condenado a 15 anos e 10 meses em regime de “reclusão doméstica” ou “prisão domiciliar”. Depois vem um regime “semiaberto diferenciado”(??) e uma progressão para o regime aberto após dois anos.”

Morais da Rosa e Lopes Jr., claro, se chocam com a desproporção jurídica entre uma condenação tão grave que justifique 15 anos de reclusão e que, por artes da “delação”, que ganha, imediatamente, a forma mais branda de execução, a prisão domiciliar. Curioso é que, num simples caso de furto, havendo reincidência, penas muito menores são obrigatoriamente cumpridas em regime fechado.

Segundo eles,isto é “outro” Direito Penal e outro processo penal,também, diferentes dos que estão em vigor no Brasil;

“Mas o que é esse “outro”? A serviço de quê(ou de quem) ele está? Quais seus limites de incidência? Por mais que se admita que o acordo sobre a pena seja uma tendência mundial e inafastável, (…): onde estão essas regras e limites na lei? Onde está o princípio da legalidade? Reserva de lei? Será que não estamos indo no sentido negociação, mas abrindo mão de regras legais claras, para cair no erro do decisionismo e na ampliação dos espaços indevidos da discricionariedade judicial? Ou ainda, na ampliação dos espaços discricionários impróprios do Ministério Público?”

A sagração da “colaboração premiada” como conduta-padrão em ações criminais gera estes e outros absurdos que, agora, estão virando a “regra salvadora e incontestável”, que substitui a apuração equilibrada e transforma a prisão e a coação em método de produção de provas e de uma “verdade processual” onde a delação produz o efeito previamente desejado, em lugar de servir, apenas, como contribuição à elucidação dos fatos.

Os delatados passam a ser zumbis, que precisam provar sua inocência – e não a ter provada sua culpa – , isso quando não se tornam, também, por sua própria conveniência, novos delatores, reabrindo um ciclo que se aproxima de deseja chegar na acusação, num processo abjeto no qual, em nome da “moralidade”, instaura-se a arbitraiedade.



Onde:

http://tijolaco.com.br/blog/?p=28497

http://domacedo.blogspot.com.br/2015/07/lava-jato-delacoes-granel-sim-mas.html

segunda-feira, 20 de julho de 2015

Apesar da crise

Bumerangue # Ertan Toy



Apesar da crise


Pablo Villaça 

Eu fico realmente impressionado ao perceber como os colunistas políticos da grande mídia sentem prazer em pintar o país em cores sombrias: tudo está sempre "terrível", "desesperador", "desalentador". Nunca estivemos "tão mal" ou numa crise "tão grande".

Em primeiro lugar, é preciso perguntar: estes colunistas não viveram os anos 90?! Mas, mesmo que não tenham vivido e realmente acreditem que "crise" é o que o Brasil enfrenta hoje, outra indagação se faz necessária: não lêem as informações que seus próprios jornais publicam, mesmo que escondidas em pequenas notas no meio dos cadernos?

Vejamos: a safra agrícola é recordista, o setor automobilístico tem imensas filas de espera por produtos, os supermercados seguem aumentando lucros, a estimativa de ganhos da Ambev para 2015 é 14,5% maior do que o de 2014, os aeroportos estão lotados e as cidades turísticas têm atraído número colossal de visitantes. Passem diante dos melhores bares e restaurantes de sua cidade no fim de semana e perceberá que seguem lotados.

Aliás, isto é sintomático: quando um país se encontra realmente em crise econômica, as primeiras indústrias que sofrem são as de entretenimento. Sempre. Famílias com o bolso vazio não gastam com supérfluos - e o entretenimento não consegue competir com a necessidade de economizar para gastos em supermercado, escola, saúde, água, luz, etc.

Portanto, é revelador notar, por exemplo, como os cinemas brasileiros estão tendo seu melhor ano desde 2011. Público recorde. "Apesar da crise". A venda de livros aumentou 7% no primeiro semestre. "Apesar da crise".

Uma "crise" que, no entanto, não dissuadiu a China de anunciar investimentos de mais de 60 bilhões no mercado brasileiro - porque, claro, os chineses são conhecidos por investir em maus negócios, certo? Foi isto que os tornou uma potência econômica, afinal de contas. Não?

Se banissem a expressão "apesar da crise" do jornalismo brasileiro, a mídia não teria mais o que publicar. Faça uma rápida pesquisa no Google pela expressão "apesar da crise": quase 400 mil resultados.

"Apesar da crise, cenário de investimentos no Brasil é promissor para 2015."

"Cinemas do país têm maior crescimento em 4 anos apesar da crise"

"Apesar da crise, organização da Flip soube driblar os contratempos: mesas estiveram sempre lotadas"

"Apesar da crise, produção de batatas atrai investimentos em Minas"

"Apesar da crise, vendas da Toyota crescem 3% no primeiro semestre"

"Apesar da crise, Riachuelo vai inaugurar mais 40 lojas em 2015"

"Apesar da crise, fabricantes de máquinas agrícolas estão otimistas para 2015"

"Apesar da crise, Rock in Rio conseguiu licenciar 643 produtos – o recorde histórico do festival."

"Honda tem fila de espera por carros e paga hora extra para produzir mais apesar da crise,"

"16º Exposerra: Apesar da crise, hotéis estão lotados;"

"Apesar da crise, brasileiros pretendem fazer mais viagens internacionais"

"Apesar da crise, Piauí registra crescimento na abertura de empresas"

Apesar da crise. Apesar da crise. Apesar da crise.

A crise que nós vivemos no país é a de falta de caráter do jornalismo brasileiro.

Uma coisa é dizer que o país está em situação maravilhosa, pois não está; outra é inventar um caos que não corresponde à realidade. A verdade, como de hábito, reside no meio do caminho: o país enfrenta problemas sérios, mas está longe de viver "em crise". E certamente teria mais facilidade para evitá-la caso a mídia em peso não insistisse em semear o pânico na mente da população - o que, aí, sim, tem potencial de provocar uma crise real.

Que é, afinal, o que eles querem. Porque nos momentos de verdadeira crise econômica, os mais abastados permanecem confortáveis - no máximo cortam uma viagem extra à Europa. Já da classe média para baixo, as consequências são devastadoras, criando um quadro no qual, em desespero, a população poderá tender a acreditar que a solução será devolver ao poder aqueles mesmos que encabeçaram a verdadeira crise dos anos 90. Uma "crise" neoliberal que sufocou os miseráveis, mas enriqueceu ainda mais os poderosos.

E quando nos damos conta disso, percebemos por que os colunistas políticos insistem tanto em pintar um retrato tão sombrio do país. Porque estão escrevendo as palavras desejadas pelas corporações que os empregam.

Como eu disse, a crise é de caráter. E, infelizmente, este não é vendido nas prateleiras dos supermercados.


Onde:

https://www.facebook.com/pablovillaca01?fref=nf

http://www.ertantoy.com/en/portfolio/boomerang/

sábado, 18 de julho de 2015

quinta-feira, 16 de julho de 2015

Amor humano

Eros # Alessandro Gottardo (Shout)







Onde:

Medra # Cafu
Ed. Ouro Preto

http://www.alessandrogottardo.com/Pages/Works.aspx?type=-1&subject=3&color=-1&client=-1&page=20

terça-feira, 14 de julho de 2015

Acrilírica


Cabin on my mind # Shout





Onde:

Medra # Cafu
Ed. Gráfica Ouro Preto

http://www.vivapoesia.com/p/medra.html

http://www.alessandrogottardo.com

http://www.alessandrogottardo.com/Pages/Works.aspx?type=-1&subject=3&color=-1&client=-1&page=9


segunda-feira, 13 de julho de 2015

Áporo

Pescaria # Fernando Aguiar







Onde:

http://www.vivapoesia.com/p/cometalinguagem.html

http://boek861.blog.com.es/2009/11/09/fernando-aguiar-poemas-visuales-7338280/

http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_visual/fernando_aguiar.html

domingo, 12 de julho de 2015

Contra a fama

Sem título # Judith Lauand



contra a fama


Ser famoso não é bonito.
Não nos torna mais criativos.
São dispensáveis os arquivos.
Um manuscrito é só um escrito.

O fim da arte é doar somente.
Não são os louros ou as loas.
Constrange a nós, pobres pessoas,
Estar na boca de toda a gente.

Cumpre viver sem impostura.
Viver até os últimos passos.
Aprender a amar os espaços.
E a ouvir o som da voz futura.

Convém deixar brancos à beira
Não do papel, mas do destino,
E nesses vão deixar inscritos
Capítulos da vida inteira.

Apagar-se no anonimato.
Ocultando nossa passagem
Pela vida, como à paisagem
Oculta a nuvem com recato.

Alguns seguirão, passo a passo,
As pegadas do teu passar,
Porém não deves separar
Teu sucesso do teu fracasso.

Não deves renunciar a um min-
Imo pedaço do teu ser,
Só estar vivo e permanecer
Vivo, e viver até o fim.

Boris Pasternak - Augusto de Campos 




Onde:


Poesia da Recusa - Augusto de Campos
Ed. Perspectiva

sexta-feira, 10 de julho de 2015

AFROdite

Foto: Uwe Ommer - Poema Postal: Cafu



Onde:

http://www.vivapoesia.com/p/afrodite-poemas-postais-partir-de-fotos.html

quarta-feira, 8 de julho de 2015

Mais Médicos: parabéns pra você

Mafalda # Quino



10 coisas sobre o Mais Médicos que a mídia convencional não vai contar para você

Cynara Meneses

(O médico Juan Delgado é agredido por colegas em sua chegada; à direita, Dilma pede desculpas oficiais em nome do governo)

(O médico Juan Delgado é agredido por colegas em sua chegada; à direita, Dilma pede desculpas oficiais em nome do governo)

Há exatos dois anos, no dia 8 de julho de 2013, o Brasil foi tomado por uma onda de ira corporativista contra um projeto que visava ampliar a oferta de médicos especializados em saúde da família no País. Naquele dia, o governo baixou a MP (Medida Provisória) criando o programa Mais Médicos, que previa a importação de médicos de diversos países, inclusive cubanos. O CFM (Conselho Federal de Medicina) e a oposição ao governo tentaram, de todas as formas, impedir que os estrangeiros viessem suprir a carência de profissionais em áreas rejeitadas pelos médicos brasileiros.

Médicos cubanos chegaram a ser vaiados e insultados por colegas em sua chegada no aeroporto de Fortaleza (CE), em uma atitude que surpreendeu os dirigentes da OPAS (Organização Pan-Americana de Saúde), parceira do governo federal no programa. “Nunca pensei que fosse chegar a este extremo de preconceito e até racismo, que fossem dizer que as médicas cubanas pareciam empregadas domésticas, que os médicos negros deveriam voltar para a África ou que eram guerrilheiros disfarçados”, lamenta o representante da OPAS/OMS no Brasil, Joaquín Molina.

Neste meio tempo, sempre que a mídia brasileira noticiou o programa foi para contar quantos cubanos fugiram para Miami ou os erros que porventura cometeram, ainda que nunca tenha se concretizado nenhuma condenação. Molina se queixa que, cada vez que era procurado pelos jornais para defender o programa, ganhava um parágrafo na reportagem, contra dez do presidente do CFM atacando a ideia. “Pessoalmente, acho que a mídia brasileira privilegia a notícia ruim. Nunca vi uma manchete positiva neste país”, critica.

Reuni neste post 10 pontos que a imprensa não destacou para que as pessoas possam conhecer melhor o programa Mais Médicos. Confira.

1. O número de médicos na atenção básica à população na rede pública do País foi ampliado em 36%: tinha cerca de 40 mil antes do programa e ganhou 14.462 profissionais, entre eles 11.429 cubanos e 1.187 com diplomas de outros países. A lei priorizou os brasileiros, mas apenas 1.846 se inscreveram na primeira convocatória. Este ano, a situação se inverteu e 95% das 4.146 vagas foram ocupadas por médicos brasileiros.

2. Além de serem reconhecidos como excelentes médicos de saúde da família, a principal vantagem dos médicos vindos de Cuba, segundo a OPAS, é que vieram todos de uma vez, em um pacote. Outra vantagem é que qualquer abandono que não seja por razões de saúde é coberto pelo governo cubano, que envia outro profissional sem nenhum custo adicional para o governo brasileiro. A OMS situa o sistema de saúde cubano entre os 39 melhores do mundo; o sistema de saúde brasileiro aparece na 125ª posição. Ao contrário dos brasileiros e profissionais de outros países, os cubanos também não escolhem para onde querem ir, é o ministério e a OPAS que decidem para onde serão designados.

3. Os médicos cubanos ganham R$3mil por mês; os outros R$7 mil do salário previsto no acordo vão para o governo de Cuba. Ainda assim, o pagamento que recebem no Brasil é 20 vezes superior ao que receberiam em sua ilha natal. Além disso, os municípios arcam com todas as despesas: transporte, moradia e alimentação. Ou seja, o cubano praticamente não gasta o dinheiro que recebe.

4. Uma avaliação independente feita em 1.837 municípios revelou um aumento de 33% na média mensal de consultas e 32% de aumento em visitas domiciliares; 89% dos pacientes reportaram uma redução no tempo de espera para as consultas. Uma pesquisa feita em 2014 pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), baseada em 4 mil entrevistas em 699 municípios, revelou que 95% dos usuários estão satisfeitos ou muito satisfeitos com o desempenho dos médicos. 86% dos entrevistados afirmaram que a qualidade da atenção melhorou após a chegada dos profissionais do Mais Médicos e 60% destacaram a presença constante do médico e o cumprimento da carga horária. Queridos por seus pacientes, vários médicos cubanos têm sido homenageados pelas câmaras municipais por seu trabalho no Brasil.
(O médico cubano Rafael Henrique Villa Lobos ganha o título de cidadão de Jardim do Seridó-RN na semana passada)(O médico cubano Rafael Henrique Villa Lobos recebe o título de cidadão de Jardim do Seridó-RN na semana passada)


5. O programa cobre 3.785 municípios, sendo que 400 deles nunca haviam tido médicos. Os 34 distritos indígenas contam hoje com 300 médicos; antes não tinham nenhum. Entre os yanomami, por exemplo, houve um aumento de 490 atendimentos em 2013 para 7 mil em 2014, com 15 médicos cubanos dedicados à etnia com exclusividade. 99% dos médicos que atendem os índios no programa são cubanos.

6. Um dos trabalhos mais interessantes desenvolvidos pelos médicos cubanos nas aldeias indígenas é o resgate da Medicina Tradicional, com o uso de plantas. Na aldeia Kumenê, no Oiapoque (AP), o médico Javier Lopez Salazar, pós-graduado em Medicina Tradicional, atua para recuperar a sabedoria local na utilização de plantas e ervas medicinais, perdida por causa da influência evangélica. O médico estimulou os indígenas a buscar as canoas defeituosas e abandonadas nas beiras dos rios para transformá-las em canteiros de uma horta comunitária só com ervas medicinais, identificadas com placas e instruções para uso.



7. Ao contrário do que os jornais veiculam, os médicos e médicas cubanos não são proibidos de se casar com brasileiros. Existe uma cláusula que os obriga a comunicar os casamentos para evitar bigamia em seu país natal, segundo a OPAS. Os casos de romances entre médicos/as e brasileiros/as são numerosos. Houve até uma prefeita em Chorrochó, na Bahia, que se casou com um médico cubano.

8. Desde que o programa Mais Médicos começou, 9 médicos cubanos morreram: cinco por enfarto, 3 por câncer e 1 por suicídio (em 2014, um médico de 52 anos, ainda em treinamento, foi encontrado morto em um hotel de Brasília, possivelmente por enforcamento). Até agora, somente oito abandonaram o programa e deixaram o país rumo aos EUA.

9. O programa Mais Médicos virou modelo no continente e países como a Bolívia, o Paraguai, o Suriname e o Chile, que também sofrem com falta de profissionais, já planejam fazer projetos semelhantes.

10. Além do atendimento de saúde, o Mais Médicos inclui a ampliação da oferta na graduação e na residência médica e a reorientação da formação e integração da carreira. A meta é criar, até 2018, 11,5 mil novas vagas de graduação em medicina e 12,4 mil de residência médica, em áreas prioritárias para o SUS. Os municípios onde serão instalados os novos cursos de medicina foram escolhidos de acordo com a necessidade social, ou seja, lugares com carência de médicos.


Onde:
http://socialistamorena.com.br/10-coisas-sobre-o-mais-medicos/

Muda

Flores # Andy Wharol



Cafu


Onde:

http://www.vivapoesia.com/p/cometalinguagem.html

http://www.warhol.org/

https://www.pinterest.com/mwolf58/warhol-drawings-from-the-1950s/

terça-feira, 7 de julho de 2015

Ser, tornar-se

M. C. Escher






Onde:

http://www.vivapoesia.com/p/cometalinguagem.html

http://eschersite.com/eschersite/Escher_Watercolor_26.html

http://eschersite.com/eschersite/MC_Escher_Art_Gallery.html

segunda-feira, 6 de julho de 2015

Pluralidade é essencial numa Democracia

Liberdade de expressão # Touraj Saberivand


Sobre intolerâncias

Guido Mantega

Folha de SP, 05/07/2015
Qualquer cidadão brasileiro tem o direito de discordar do que fiz quando fui ministro da Fazenda, mas agressões e injúria são atos inaceitáveis 

A muito custo o Brasil conseguiu construir uma democracia sólida, com instituições fortes e ampla participação popular. Na democracia convivem análises, percepções e posições diferentes. Essa é uma disputa entre forças que tonifica a política e engrandece a sociedade.

Manifestações e protestos são partes integrantes do regime democrático. O contraditório é sempre necessário e muito bem-vindo, estimula o debate e constitui um avanço para o país. A democracia criou mecanismos e instituições que permitem esse debate e garantem a pluralidade de ideias, um pilar que vem sendo erguido há 30 anos.

O Brasil, no entanto, parece caminhar em terreno perigoso. Há algo diferente no ar. Algo que ameaça essa pluralidade. Trata-se do fantasma do autoritarismo, raiz de golpes, que, infelizmente, se manifesta de forma corriqueira, sempre pronto a agir no dia a dia das pessoas.

Atitudes autoritárias podem ocorrer no trânsito, na porta de uma escola, num museu, num hospital ou num restaurante. Não é porque a democracia está consolidada que devemos descuidar dela. Nós, cidadãos, temos que regar essa planta frágil todos os dias - o que nem sempre tem acontecido.

O aumento da intolerância tem provocado atitudes antidemocráticas praticadas por cidadãos que se acham acima do bem e do mal. Alguém escreveu esses dias que o brasileiro está deixando de ser cordial. No Rio, uma pedra foi atirada na cabeça de uma menina de apenas 11 anos por intolerância religiosa.

Eu mesmo, em episódios que nem de longe têm a mesma gravidade, tenho sido alvo de uma intolerância que extrapola o limite da convivência e o direito à liberdade.

Quem é a principal vítima? A menina? O ex-ministro? Não. A vítima é a democracia. Não podemos permitir que essa intolerância se instaure na sociedade brasileira, sob pena de estarmos nos descuidando do mais precioso dos bens.

É oportuna a advertência do teólogo protestante alemão Martin Niemöller diante da escalada do autoritarismo. "Primeiro perseguiram os socialistas, e não protestei porque não era socialista. Então perseguiram os sindicalistas, e não protestei porque não era sindicalista. Então perseguiram os judeus, e não protestei porque não era judeu. Então vieram atrás de mim, e não tinha sobrado ninguém para falar por mim."

Não podemos nos permitir acordar tarde demais para essa realidade. Na França, o ataque ao jornal satírico "Charlie Hebdo" fez com que as pessoas adotassem prontamente, em repúdio à intolerância, o lema "Je suis Charlie". Nos EUA, o presidente Barack Obama se engajou no repúdio ao massacre racista em um templo religioso.

Se deixarmos nos apedrejar, física ou moralmente, daqui a pouco estaremos diante de um Estado fascista. O fascismo, como bem definiu Hannah Arendt, nasceu muito antes de sua existência formal.

Não podemos permitir que se instaure entre nós esse espírito autoritário. Atitudes como essas são perniciosas para o convívio democrático na sociedade brasileira.

Qualquer cidadão tem o direito de discordar do que fiz como ministro da Fazenda, mas no terreno das ideias, do debate. A agressão, a injúria, a difamação são inaceitáveis e devem ser respondidas dentro da lei.

Em nove anos à frente do Ministério da Fazenda, esforcei-me para aumentar o emprego e expandir a produção do país, mesmo num cenário de grave crise internacional, que aliás ainda não acabou.

O resultado foi que o PIB cresceu, a renda subiu e a situação dos brasileiros, ricos ou pobres, melhorou. Apesar dos problemas que nós e outros países enfrentamos, o Brasil deu um salto de qualidade e nos tornamos a sétima economia do mundo.

O Brasil passa hoje por problemas conjunturais que podem perfeitamente ser superados com determinação do governo e da classe política. O país continua sólido para enfrentar qualquer turbulência internacional, como a que pode ser provocada pela Grécia.

Temos US$ 370 bilhões em reservas, somos credores do FMI, nossa dívida externa é pequena, nosso sistema financeiro é saudável e temos um dos maiores mercados consumidores do mundo, que continua atraindo investimento.

Ninguém é obrigado a concordar com essas análises e perspectivas, mas temos que nos manifestar de acordo com as regras democráticas, além de dizer não ao autoritarismo.

* Guido Mantega, 66, economista, é professor da Escola de Economia de São Paulo, da FGV. Foi ministro da Fazenda (governos Lula e Dilma) e ministro do Planejamento (governo Lula).


Onde:

http://jornalggn.com.br/noticia/sobre-intolerancia-por-guido-mantega

http://saberivand.com/index

http://www.newiranianart.com/graphic_design_3.htm

Antes que seja tarde

Charge de Latuff




O golpe está em marcha

Ricardo Melo

Folha de SP, 06/07/2015

As últimas estocadas da oposição provam estar em curso uma operação sistemática para derrubar a presidente Dilma.

Relembrando fatos. A investida desesperada às vésperas da eleição para incriminar Lula e a então candidata. Não deu certo. Recontem-se os votos, decretaram os derrotados. Parece piada, mas isso aconteceu. Também fracassou, tal qual a pecha de estelionato eleitoral! (Alguém esqueceu da desvalorização brutal da moeda em 1999?)

A essa altura, as acusações de roubalheira da Petrobras embaladas pela compra de uma refinaria pareciam cair do céu para um impeachment. Fiasco, até porque o negócio foi recomendado pelo Citibank e avalizado por um conselho composto de ricaços: Jorge Gerdau, Cláudio Haddad, Fábio Barbosa etc.

A história azedou ainda mais quando o executivo petroleiro Pedro Barusco contou que a corrupção estatal avançou no governo do PSDB, turbinada por uma lei que aboliu licitações. Detalhe: Barusco prometeu devolver centenas de milhões de dólares depositados no exterior. Mas a grana não era para o PT? Como estava na conta pessoal dele? Bem, isso não vem ao caso.

Aí surgiu a novela das pedaladas fiscais. Novo fracasso. Todos que conhecem a política mesmo superficialmente sabem que o Tribunal de Contas da União é um almoxarifado para acomodar políticos decadentes, uma espécie de prêmio de consolação para sabujos fiéis “”a favor ou contra, tanto faz. A coisa ficou mais incômoda quando descobriram que as pedaladas começaram na administração Fernando Henrique Cardoso.

Bem, sempre tem o pessoal do Moro e sua equipe de delações. Incrível: o Brasil é o único lugar teoricamente democrático em que candidatos a réus são informados de crimes pelo jornal, TV ou internet. O conteúdo, então, é de espantar.

“O doleiro [Alberto Youssef] não identifica com precisão a pessoa que o teria procurado para pedir ajuda, e deixa claro que não participou da campanha da presidente […] Se não me engano, o pai dele tinha uma empreiteira. Não consigo lembrar do nome da empreiteira […] O doleiro afirmou não saber se Felipe (acusado de ser o intermediário) buscou outros operadores. Questionado sobre o valor do dinheiro a ser internalizado, o doleiro respondeu: ‘Acho que era em torno de R$ 20 milhões'”. (FSP, 03/07, Pág. A4)

Tal depoimento, como se percebe robusto, cheio de evidências, em que o acusador ignora o nome do interlocutor, desconhece para quem ele trabalha e sequer sabe o valor exato da propina –tal depoimento está no processo que serviu de base para o PSDB pedir a cassação de Dilma!

Para completar a mistificação, aparece a entrevista do delegado geral da Polícia Federal ao “Estado de S. Paulo”. Somos informados que na democracia da jabuticaba existem quatro poderes: o Executivo, o Legislativo, o Judiciário e a…Polícia Federal. “O ministro da Justiça não é o seu chefe?”, perguntam as repórteres. Resposta: “O ministro da Justiça é o responsável pela PF, mas na esfera administrativa. As ações da PF na esfera de investigação são feitas no limite da lei”.

Pelo jeito, a mesma lei que muda votações na Câmara ao sabor de um presidente que dispensa comentários; deixa impunes sonegadores graúdos da Receita; fornece habeas corpus a banqueiros selecionados; prende antes de julgar e vem transformando o Supremo Tribunal Federal num órgão tão decisivo quanto cerimônias de chá na Academia Brasileira de Letras.

E o governo, o ministro da Justiça, não têm nada a dizer antes que seja tarde?

domingo, 5 de julho de 2015

sábado, 4 de julho de 2015

A resposta de Obama

Charge de Pataxó



A resposta de Obama

Mauro Santayana

  (Jornal do Brasil) - Se há uma cena emblemática, que passará à história, marcando a visita da Presidente Dilma Roussef aos Estados Unidos, neste ano, esta será a resposta dada pelo Presidente Barrack Obama, na coletiva de imprensa dos dois líderes, na Casa Branca, à pergunta de uma jornalista “brasileira”, dirigida à Presidente da República.

  A entrevistadora tinha acabado de voltar a se sentar e olhava para seu alvo, depois de fazer a pergunta (quem quiser saber porque Dilma às vezes tem dificuldades de falar de improviso, que se habilite a ser interrogado, espancado e torturado ao longo de alguns meses, “travando” desesperadamente a fala e a mente para evitar passar informações das quais depende sua vida e a de terceiros), sem conseguir ocultar das câmeras a incontida e malévola expressão de quem estava pre-libando a situação em que achava que ia colocar a Presidente da República. 

  Quando Obama, que também foi indagado - em outro explícito exercício de viralatice - sobre assuntos internos brasileiros, dizendo - o que deveria ser óbvio para qualquer um que respeite a presunção de inocência, o apreço à verdade e a responsabilidade da imprensa - que não se deve fazer manifestações sobre casos que ainda estão em julgamento, respondeu que o Brasil é, hoje, uma potência mundial, e não de ordem regional, como pretendia sugerir, antecipando descaradamente a posição dos EUA, a entrevistadora. 

 Ao contrário do que muitos pensam, o Presidente Barrack Obama não interveio apenas para ser gentil, embora ele tenha problemas com a sua própria oposição de direita, e até mesmo de extrema-direita, que vai dos representantes dos W.A.S.P. - os conservadores brancos na Câmara e no Senado, aos latinos anticastristas e aos malucos religiosos, anacrônicos e fundamentalistas do Tea Party, sem falar nos “falcões” republicanos no Congresso, que acham que é preciso lutar contra países como o Brasil, para tentar manter-nos “sob controle”. Contra ele, assim como ocorre com Dilma, também há charges anticomunistas de inspiração fascista na internet, embora o Presidente dos EUA possa ser, eventualmente, graficamente, até mesmo associado ao nazismo, por grupos externos que combatem a política exterior norte-americana. 

  Ele o fez porque se relacionava, a pergunta, a uma nação que é a quinta maior do mundo em tamanho e população, com um território maior do que a extensão continental dos EUA sem o Alaska. 

 Com um PIB que cresceu, segundo o Banco Mundial, de 508 bilhões de dólares em 2002 - (WB1 link) para 2.346 trilhões de dólares em 2014 (WB2 link). 

 Cujos nacionais dirigem organizações como a FAO ou a Organização Mundial do Comércio. 

 Que comanda as tropas da ONU no Haiti e no Líbano. 

  Que tem a mais avançada tecnologia de exploração de petróleo em alto-mar, é o segundo maior vendedor de alimentos do planeta, depois dos Estados Unidos, e o terceiro maior exportador de aviões. 

  Que pertence ao G-20 e ao BRICS - a única aliança capaz de fazer frente à aliança “ocidental” e anglo-saxônica estabelecida nos últimos 200 anos, que é encabeçada, justamente, pelos Estados Unidos. 

 Que organiza a integração continental ao sul do Rio Grande, como principal nação da CELAC, da UNASUL, do Conselho de Defesa da América do Sul. 

 Que é a sétima maior economia do mundo, o oitavo país em reservas internacionais, a pouco menos de quinze bilhões de dólares da sexta posição (monetary reserves link) e, segundo informações oficiais do tesouro norte-americano, o terceiro maior credor individual externo dos EUA, (US TREASURY link). 

  E, finalmente, porque se ficasse calado, diante da enorme obviedade da resposta, teria sido ele, Obama, a passar ridículo - como um anfitrião que permite, entre horrorizado e constrangido, que ocorra uma monstruosa “gaffe” em sua sala - e não a autora da pergunta.


Onde:

http://www.maurosantayana.com/2015/07/a-resposta-de-obama.html


http://pataxocartoons.blogspot.com.br/2015/07/globo-um-dia-de-cao-vira-latas.html?view=sidebar

sexta-feira, 3 de julho de 2015

quinta-feira, 2 de julho de 2015

#CunhaGolpista






acordei e me olhei no espelho
ainda a tempo de ver
meu sonho virar pesadelo

Paulo Leminski



Onde:

Toda poesia # Paulo Leminski
Ed. Saraiva

quarta-feira, 1 de julho de 2015

A derrota (ainda que frágil) do espírito bárbaro de vingança


Charge de Latuff


A onda de selvageria passou pelo queixo, mas não nos afogou...ainda.

Fernando Brito


Em condições normais, poderíamos dizer que a redução da maioridade penal foi rejeitada. Embora tenham faltado cinco votos, não seria crível que, negada a redução para crimes hediondos, pudesse passar a redução para todos os crimes, mesmo os mais leves. Mas, nestes tempos de Eduardo Cunha, onde já vimos votações virarem ao avesso do dia para a noite, é bom manter a atenção. 
Levou-se anos para aprovar um plano nacional para a Educação. Leva-se dias para formular e votar um “plano nacional de prisão”, um rasgo demagógico que envergonha qualquer pessoa séria. Contrário, inclusive à Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos da Criança, do qual o Brasil é signatário. 
É um escárnio tratar algo extremamente sério e preocupante, a criminalidade juvenil, com um espírito bárbaro de vingança, como se Herodes fosse salvar o Império Romano . Quem quiser falar a sério disso tem de falar de família, de escola, de meios de comunicação, de valores, de convivência. E precisamos falar muito sobre isso, não de demagogia de “prendeu, resolveu”. Porque já prendemos mais de 600 mil brasileiros e não há notícia de que isso tenha resolvido algo, nem com adultos nem com adolescentes. 
Estamos nos aproximando do hospício da Casa Verde de Machado de Assis e logo estaremos com tanta gente presa que trabalharemos e viveremos para sustentar o nosso ódio.
Nós, que enchemos a boca para falar de liberdade, parecemos consumidos pelo desejo de prender, num paradoxo de selvageria que não me lembro de ter visto nem sob a ditadura. E o principal tacape sobre as nossas mentes é, sem dúvida, um sistema de mídia que alimenta diariamente o ódio como forma de consecução de seus interesses políticos. 
Mesmo com a derrota da “Emenda Herodes”, não dá para comemorar o que estamos vivendo. O conservadorismo, no Brasil, sempre respeitou certos limites e, agora, liderado – formalmente, pois seus líderes reais são outros – por uma súcia de picaretas da pior espécie, está todos os dias ameaçando o Brasil de regredir anos, décadas, séculos.


Onde:

http://tijolaco.com.br/blog/?p=27981

http://juntos.org.br/2013/04/contra-a-reducao-da-maioridade-penal-por-mais-direitos-para-a-juventude/