domingo, 27 de julho de 2014

Vida em estufa e sem raízes

Consumismo




"O homem consumidor não é apenas o homem que consome cada vez mais. É o indivíduo que se desinteressa do investimento... A cultura de massas nos introduz a uma relação desenraizada, móvel, errante com relação ao tempo e espaço... As fendas já aparecem. Por um lado, uma vida menos escrava das necessidades materiais e dos acasos naturais, por outro lado, uma vida que se torna escrava de futilidades. De uma parte, uma vida melhor, de outra, um trabalho desprovido de interesse. De uma parte, uma família menos opressiva, de outra, uma solidão mais opressiva. De uma parte, uma sociedade protetora e um Estado assistencial, de outra, a morte sempre irredutível e mais absurda do que nunca. De uma parte, o aumento das relações de pessoa a pessoa, de outra, a instabilidade dessas relações. De uma parte, o amor livre, de outra, a precariedade dos amores. De uma parte, a emancipação da mulher, de outra, as novas neuroses da mulher...Essas fendas se aprofundarão em brechas? Até que limites será desejada, e em seguida suportada, uma existência de tal forma devotada ao atual e ao superficial, à mitologia da felicidade e à filosofia da segurança, à vida em estufa, mas sem raízes, ao grande divertimento e ao gozo parcelado?? Até onde a realização do individualismo moderno se operará sem desagregação?"


Edgar Morin - Interrogações no fim do Tomo I de L'Ésprit du temps.



Onde:

Cultura de massas no século XX: Necrose # Edgard Morin
Forense Universitária


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