quarta-feira, 4 de março de 2015

A alegria de con-viver

A noite estrelada # Vicent Van Gogh




Cosmos e Damião (Moraes Moreira - Luiz Galvão) # Novos Baianos


O homem; as viagens


O homem, bicho da Terra tão pequeno
chateia-se na Terra
lugar de muita miséria e pouca diversão,
faz um foguete, uma cápsula, um módulo
toca para a Lua
desce cauteloso na Lua
pisa na Lua
planta bandeirola na Lua
experimenta a Lua
coloniza a Lua
civiliza a Lua
humaniza a Lua.

Lua humanizada: tão igual à Terra.
O homem chateia-se na Lua.
Vamos para Marte — ordena a suas máquinas.
Elas obedecem, o homem desce em Marte
pisa em Marte
experimenta
coloniza
civiliza
humaniza Marte com engenho e arte.

Marte humanizado, que lugar quadrado.
Vamos a outra parte?
Claro — diz o engenho
sofisticado e dócil.
Vamos a Vênus.
O homem põe o pé em Vênus,
vê o visto — é isto?
idem
idem
idem.

O homem funde a cuca se não for a Júpiter
proclamar justiça junto com injustiça
repetir a fossa
repetir o inquieto
repetitório.

Outros planetas restam para outras colônias.
O espaço todo vira Terra-a-terra.
O homem chega ao Sol ou dá uma volta
só para tever?
Não-vê que ele inventa
roupa insiderável de viver no Sol.
Põe o pé e:
mas que chato é o Sol, falso touro
espanhol domado.

Restam outros sistemas fora
do solar a col-
onizar.
Ao acabarem todos
só resta ao homem
(estará equipado?)
a dificílima dangerosíssima viagem
de si a si mesmo:
pôr o pé no chão
do seu coração
experimentar
colonizar
civilizar
humanizar
o homem
descobrindo em suas próprias inexploradas entranhas
a perene, insuspeitada alegria
de con-viver.

Carlos Drummond de Andrade - As Impurezas do Branco 




Onde:

Nova Reunião 1# Carlos Drummond de Andrade
José Olympio Ed./ Instituto do Livro

Série dois momentos # Novos Baianos

https://www.google.com/culturalinstitute/u/0/asset-viewer/pla-gogh/twE3I3KiaXhCyg?hl=en&projectId=art-project

terça-feira, 3 de março de 2015

Criar o sentido da vida

Neil deGrasse Tyson responde à pergunta de um menino de "6  3/4 anos" sobre o sentido da vida.




Cosmos: Uma odisséia espaçotempo # Fox & National Geografic Channel
Apresentada pelo astrofísico Neil deGrasse Tyson

Temporada 1  disponível com legendas em português :

http://www.seriesvideobb.com/2014/05/assistir-cosmos-a-spacetime-odyssey-1-temporada-online.html

http://megafilmeshd.net/series/cosmos-a-space-time-odyssey.html

VIVA O CARL SAGAN!

domingo, 1 de março de 2015

Eparrei!



Existe uma revolução silenciosa na área de geração e transmissão de energia no Brasil, mas ninguém sabe disso, porque notícia boa não sai no jornal, na TV, no rádio. A imprensa está preocupada em derrubar o governo democraticamente eleito, empossado há apenas dois meses, e não em informar os fatos da realidade à população.
Sinistro! Como dizem os mais jovens.


Vento bravo ( Edu Lobo - Paulo César Pinheiro) # Vânia Bastos  




Onde:

nabocadolobo # Vânia Bastos

sábado, 28 de fevereiro de 2015

Serenata do adeus

 
Orlando Pedroso



Serenata do adeus (Vinicius de Moraes) # Tom Jobim e Paula Morelenbaum




Onde:

Tom canta Vinicius (ao vivo)

http://www.orlandopedroso.com.br/

http://www.fotolog.com/orlandopedroso/

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

O sequestro da democracia pelo grande capital





PARA OPOSIÇÃO E MÍDIA, DENUNCIAS DE CORRUPÇÃO SÃO SÓ MAROLA


Maria Inês Nassif

O escândalo da Petrobras foi eleito pelos meios de comunicação e pela oposição à presidenta Dilma Rousseff como o terceiro turno, o episódio que, manipulado cotidianamente por informações de um juiz, do Ministério Público e da polícia veiculadas por uma mídia tradicional que tem lado – e não é o lado do governo – mostra-se capaz de alimentar uma espiral crescente de mal-estar com a política. Essa ação política, que ganhou força numa eleição particularmente radicalizada, é a primeira desde o chamado Mensalão que teve impacto de fato sobre a opinião pública. 

Todavia, o que vem da tentativa de hiperdimensionar a responsabilidade de um único partido, o PT, sobre o episódio, tomando por base delações premiadas de dois réus que são figuras centrais – e podem ser considerados como chefes do esquema de corrupção incrustrado na Petrobras –, não fica em pé, se submetido a qualquer análise feita sob critérios de racionalidade. Na maioria dos casos, as “denúncias” constituem-se numa sucessão de hipocrisias que, se são capazes de manter um clima perigosamente crescente de aversão a todos os políticos, sequer tocam na raiz do problema do sistema político brasileiro: a captura do voto pelo poder econômico. 
A Proposta de Emenda Constitucional de número 352, urdida pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), com o apoio da oposição, por exemplo, jamais poderia ser desvinculada desse debate, se ele fosse efetivamente sério, e nunca poderia ter sucesso no meio de um escândalo como o da Petrobras. A PEC 352, afinal, é a consagração de um sistema político que é caro e apoiado no financiamento eleitoral e partidário por grandes empresas com interesses no governo ou em assuntos em pauta no Legislativo, e cujo sucesso depende de uma eleição de governantes, sim, mas fundamentalmente de uma grande bancada de parlamentares, capazes de mobilizar mais rapidamente seus assuntos tanto no Legislativo como no Executivo, via pressão por liberação de emendas parlamentares ou aprovação de outras leis. A constitucionalização do financiamento privado de campanha pretendido por Cunha e seus seguidores eterniza esse sistema político totalmente vinculado ao poder econômico.

A notícia de que o presidente da CPI da Petrobras na Câmara, Hugo Motta (PMDB-PB), e o relator Luiz Sérgio (PT-RJ) receberam dinheiro de empreiteiras denunciadas na Operação Lava Jato, que investiga a corrupção na Petrobras, não deveria ter surpreendido ninguém. O sistema político brasileiro é assim. Aliás, a pergunta que se deveria fazer é: quantos parlamentares eleitos receberam dinheiro para campanha de empresas que têm profundos interesses na administração pública? Como isso não é crime, essas doações podem ser levantadas na prestação de contas das campanhas dos parlamentares. E, como o interesse das empresas são nos votos que poderão ter no plenário do Congresso, supõe-se que existam financiados às pencas, tanto na oposição como no governo. As financiadoras certamente serão, em sua maioria, as encrencadas na Operação Lava Jato, pois são elas as poucas grandes empreiteiras nacionais aptas a ganhar grandes licitações, da Petrobras, do governo federal ou dos governos estaduais.

Aliás, se existe possibilidade legal de as empresas financiarem a eleição de parlamentares, pela lógica financiarão mais as que têm interesses mais arraigados na administração pública: grandes empreiteiras, que normalmente são as que vencem licitações para as grandes obras – que só se concretizam se houver liberação orçamentária para tanto; setor financeiro, para o qual qualquer decisão, por exemplo, sobre impostos, envolve giro diário de enormes fortunas (quem não se lembra da rejeição da CPMF?); setor agrícola, cuja articulação é crescentemente vitoriosa no Congresso em questões legais que dificultam a reforma agrária e aumentam o poder de negociação dos grandes empresários rurais com o governo em geral, e com o Banco do Brasil em particular.

Com fortes bancadas, grandes empresas têm mais poder no Congresso do que qualquer outro eleitor. O voto do eleitor vale um. O voto de uma empreiteira, ou do banco, vale os votos que conseguiu, com o seu dinheiro, para eleger um parlamentar. No final das eleições, o deputado ou senador que recebeu o dinheiro dessas empresas tem mais compromissos com elas do que com o eleitor que ganha salário mínimo e mora na periferia. Entre um e outro, certamente vai querer agradar o seu financiador.

Sob essa ótica, a onda de comoção que se pretende alimentar contra os políticos porque eles recebem financiamento de campanha de empresas poderosas perde qualquer racionalidade, se for considerado aceitável – ou desejável – manter o financiamento empresarial de campanhas políticas. A grande distorção gerada por essa permissividade do sistema político-eleitoral do país não desaparece se a justiça conseguir colocar na cadeia todas as empresas e todos os políticos que receberam propina no esquema da Petrobras. O sequestro da democracia pelo grande capital econômico apenas é contido se o financiamento empresarial for proibido.

http://cartamaior.com.br/?%2FEditoria%2FPolitica%2FPara-oposicao-e-midia-denuncias-de-corrupcao-sao-so-marola%2F4%2F32951

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Caro Joaquim $$$$$

Charge de Ivan Cabral




Prezado colega Joaquim Barbosa.
(via Lista de discussão UERJXXI)

Você cobrou a exoneração do Ministro da Justiça por ter recebido advogados das construtoras, alegando no seu Twitter: “Reflita: vc. defende alguém num processo judicial. Ao invés de usar argumentos/métodos jurídicos perante o juiz, vc. vai recorrer à Política?” 

Permita-me ponderar, caro colega da UERJ, a Política com P maiúsculo, conforme você bem escreveu, é a mais nobre das atividades humanas, pois é a partir dela que se constrói uma sociedade rumo ao eldorado ou rumo ao abismo.

É conveniente deixar claro que todos nós queremos a punição de corruptos, o fim da corrupção e a repatriação dos bilhões evadidos. No entanto, esse problema da Petrobras & construtoras está indo muito além disso. Já extrapolou as decisões (aplaudidas) de um único juiz e passou a ser uma questão de Estado. 

Explico: (1) Países ricos são aqueles que têm autonomia tecnológica, isto é, dominam o conhecimento que transforma a natureza em riqueza, desde os projetos de engenharia até o produto final. (2) Dentre as grandes empresas sediadas no Brasil, praticamente apenas a Petrobras & construtoras têm autonomia tecnológica. As outras grandes empresas, por serem mundiais, produzem bens aqui mas não desenvolvem a tecnologia no Brasil. (3) Quem domina a tecnologia tem o poder das decisões econômicas e a primazia dos melhores lucros.

A Petrobras é responsável por cerca de 10% dos investimentos realizados no País, cujo efeito multiplicador no crescimento da economia é exponencial. São razões de estado, portanto, que deveriam levar o governo a interceder politicamente no show de horrores que está provocando paralisação de setores produtivos da economia, desemprego e redução do PIB. 

O que a Petrobras e construtoras têm de perene são as suas máquinas, equipamentos, outros bens materiais, o petróleo, trabalhadores e tecnologia, sinônimo de conhecimento, que nada têm a ver com os desvios de dinheiro provocados por meia dúzia de dirigentes ironicamente colocados em liberdade “premiada”.

Digo, por experiência própria vivenciada no poder executivo estadual, que a corrupção pode ser totalmente debelada sem prejudicar as (únicas) grandes empresas nacionais que desenvolvem tecnologia de forma autônoma. 

Infelizmente, ao contrário do que se esperava, a forma seletiva de divulgação de passos inconclusos e não julgados do processo ‘lava-jato” está acarretando mais malefícios do que benefícios, até porque as tais delações (absurdamente) premiadas saíram dos bafos de bandidos confessos. 

Mas isso agora é o de menos. O pior é ver os negocistas e golpistas de plantão se aproveitando de todo esse caldeirão de manchetes cientificamente encomendadas para enlamear, não os corruptos, mas a empresa Petrobras e as construtoras visando à enfraquecê-las para desnacionalizá-las.

Reflita, caro Joaquim, (i) com tantas instituições há décadas sugando bilhões de dólares da nossa economia sem qualquer reação do judiciário, ministérios públicos e imprensa; (ii) com um processo criminoso de privatizações que aniquilou empresas e inteligências brasileiras sem que houvesse um só pio desses órgãos; (iii) e o que vemos agora é a exploração malévola para destruir o que de melhor nos resta na engenharia brasileira. 

Se o problema fosse realmente punir corruptos, eles não estariam em liberdade premiada. O alvo é realmente quebrar as últimas grandes empresas nacionais de engenharia; e logo a engenharia, um dos ramos do conhecimento que mais cria postos de trabalho em todas as áreas.

Isso é muito triste para um país que já tem mais de 70% do seu PIB controlado por não residentes. Será que você e o voluntarioso juiz Moro conseguem enxergar que existe algo que vai muito além dos “argumentos/métodos jurídicos” a que você se refere?

Nenhum “argumento/método jurídico” pode estar acima dos interesses da sociedade, nem pode ser usado para, por consequência, desgraçar a vida de milhares de famílias inocentes que dependem do funcionamento pleno das empresas nacionais que geram conhecimento e riquezas. 

Lecionei durante 36 anos na Faculdade de Engenharia da universidade a qual você pertence, a UERJ. Sabemos o quanto é árduo a formação de engenheiros desenvolvedores de tecnologia. E o que temos visto em todo esse episódio do “petrolão” é a lubrificação dos dutos que podem, mesmo que não houvesse intenção, levar o nosso petróleo gratuitamente para alhures e destruir o que nos resta de tecnologia própria nas empresas de energia e construção civil-mecânica. 

Acredite, caro Joaquim, os abutres já estão a grasnar: “entreguem tudo às empresas estrangeiras”; e, se elas tomarem conta do pedaço que nos resta, adeus à soberania e à tecnologia nacional. E isso, acredito, nem você nem o juiz Moro querem. Certo?

Seria muito bom que juristas de escol colocassem os seus saberes para impedir a alienação de riquezas e patrimônios nacionais. Que achas da ideia? Se você puder convide o juiz Moro e apareçam em dois atos em defesa da Petrobras e Soberania Nacional: dia 24/02, terça-feira, às18h, na Associação Brasileira de Imprensa, e no dia seguinte, 25/02, quarta-feira, às 17h, no Clube de Engenharia.

O que está em jogo são os destinos soberanos do Brasil. Quebrem-se os políticos e dirigentes corruptos, mas não a grande estatal e a engenharia nacional.

Cordialmente.

Weber Figueiredo da Silva, D.Sc.
Professor na Engenharia do CEFET-RJ








Onde:

http://www.conversaafiada.com.br/brasil/2015/02/23/barbosa-moro-venham-ao-ato-de-defesa-da-petrobras-%E2%80%8B/

http://www.ivancabral.com/2009/09/blog-post.html