terça-feira, 17 de junho de 2014

Viva o povo brasileiro! Viva Augusto!

Depoimento de Dona Maria Sueli dos Santos, catadora de material reciclável.




Sandália de prata (Ari Barroso) # João Gilberto




Carta de Augusto de Campos à Folha de São Paulo - não publicada pelo jornal, diga-se de passagem -, sobre a utilização sem autorização de seu poema visual VIVAVAIA, para ilustrar matéria sobre os xingamentos dirigidos à Presidenta Dilma.


“Prezados Senhores.

Esse jornal utilizou, em 14 de junho de 2014, com grande destaque, o poema VIVA VAIA, de minha autoria, como ilustração de matéria ambígua sobre os insultos recebidos pela presidente Dilma, na partida inicial da seleção.
Utilizou-o, sem minha autorização e sem pagar direitos autorais: sem me dar a mínima satisfação.
Poupo-me de comentar a insólita atitude da FOLHA, a quem eu poderia processar, se quisesse, pelo uso indevido de texto de minha autoria.
A matéria publicada, composta de três artigos e do meu poema, cercado de legendas sensacionalistas, deixa dúvidas sobre a validade dos xingamentos da torcida, ainda que majoritariamente os condene, e por tabela me envolve nessa forjada querela.
A brutalidade da conduta de alguns torcedores, que configura até crime de injúria, mereceria pronta e incisiva condenação e não dubitativa cobertura, abonada por um poema meu publicado fora de contexto.
Os xingamentos, procedentes da área vip, onde se situa gente abastada e conservadora, evidenciam apenas o boçalidade e a truculência que é o reverso da medalha do nosso futebol, assim como a inferioridade civilizatória do brasileiro em relação aos outros povos.
Escreveu, certa vez, Fernando Pessoa: “a estupidez achou sempre o que quis». Como se viu, até os candidatos de oposição tiveram a desfaçatez de se rejubilarem com os palavrões espúrios. Pois eu lhes digo. VIVA DILMA. VAIA AOS VIPS.”

Augusto de Campos.


                                                                    ******


A ACOLHIDA QUE TEM CONQUISTADO OS ESTRANGEIROS

Poucos dias atrás, em uma daquelas tantas reportagens de preparação para a Copa, um repórter entrevistou o dono de um restaurante de Salvador, um alemão que veio um dia de férias, conheceu a Bahia e não quis mais voltar. Diante das notícias sobre agitações e insegurança que os europeus continuavam recebendo, o jornalista perguntou o que estariam pensando alemães como o empresário.
- Eles farão como todos os outros – respondeu o alemão. – Chegam desconfiados, ficam assim no primeiro dia e no segundo já entram na rotina. Não se preocupam mais.
Lembrei desta entrevista ao ler sobre as chegadas das seleções.
Bastou um dia, como disse o dono do restaurante, para que a desconfiança terminasse e os estrangeiros entrassem na festa. Passaram a se sentir em casa – até porque todos os locais escolhidos por eles foram decorados com as cores de cada país.
Os ingleses chegaram receosos, reclamaram do cerco da imprensa, fecharam-se na concentração, mas no dia seguinte foram conhecer um projeto social na Rocinha. Pronto, tudo mudou. Entraram na brincadeira, tentaram imitar os passos dos capoeiristas local, comoveram-se com as crianças.
E os alemães, como aquele dono de bar?
A sobriedade típica germânica durou um dia. Fascinados pelo ambiente da Bahia e pela beleza da ilha escolhida como concentração, abriram o treino para um grupo de pataxós de uma reserva próxima. Não apenas isso: os brasileiros originais cantaram em homenagem ao aniversariante Klose e encantaram tanto que os demais jogadores – um deles com um pequeno pataxó nos ombros – participaram da dança ritual.
Em Curitiba e em Minas torcedores fizeram imensas filas, desde a madrugada, para conseguir um dos ingressos para os primeiros treinos de Espanha e Argentina. Repetiu-se o entusiasmo das torcidas locais no Espírito Santo (Austrália), no interior paulista, ficaram deslumbrados os africanos de Camarões e Costa do Marfim.
Em Viamão, cidade escolhida pelos equatorianos, foi ainda mais impressionante.
Pelo menos 10 mil pessoas estavam no centro da cidade esperando pelos visitantes. Quando o ônibus chegou, na noite de segunda-feira, e jogadores e dirigentes viram a multidão, decidiram quebrar o protocolo da Fifa que manda apenas acenar. Por iniciativa da própria equipe, o ônibus parou e os jogadores saíram para ter contato com os gaúchos.
Virou destaque na imprensa do Equador.
Em todas estas situações, os estrangeiros descobriram o melhor dos brasileiros – e quando falo de brasileiros típicos não estou me referindo àquela parcela que comete grosserias, ofende a presidente do país com um baixo nível danado e esbanja falta de educação em áreas vips dos estádios, como fizeram os paulistas no jogo de abertura da Copa. A capacidade dos brasileiros de deixar todos à vontade, de diminuir distâncias e agir como se o desconhecido de agora fosse um velho amigo, como fez, por sinal, um casal de paulistas. Ao ver dois croatas confusos em uma rua de São Paulo, eles pararam o carro, ofereceram ajuda e abrigaram os turistas em sua própria casa. Humilde, confortável e segura.
A cortesia do brasileiro é um santo remédio. Ninguém mais lembra de confusões.

Por Mário Marcos, sugerido por Assis Ribeiro no Luis Nassif online.

Onde:

João Gilberto live in Montreux

http://mariafro.com/2014/06/16/sensacional-augusto-de-campos-a-folha-viva-dilma-vaia-aos-vips/
http://mariomarcos.wordpress.com/2014/06/14/34832/
http://jornalggn.com.br/noticia/sobre-a-acolhida-aos-estrangeiros

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