quarta-feira, 25 de junho de 2014

Heitor Villa-Lobos e o ensino de música nas escolas

Bachianas Brasileiras No 4 (Heitor Villa-Lobos) # Orquestra Jovem das Gerais



"Uma criança que não sabe música, que não sabe cantar, não é alfabetizada. A música está entrelaçada ao conhecimento educacional. O canto está ligado ao mistério da vida humana."

Heitor Villa-Lobos no encarte do CD Floresta do Amazonas.





Bachiana V - Ária (Heitor Villa-Lobos - Ruth Valladares) # Maria Lucia Godoy, Orquestra de Violoncelos/ Regente: Alceo Bocchino




"...A proposta que foi feita por Anísio Teixeira (assessor de Getúlio Vargas) se mostrava irrecusável. Villa-Lobos, que era apaixonado pela música, via a possibilidade de colocar em evidência a educação musical no ensino básico de nosso país, com um resgate sistemático de nosso folclore. Cito aqui um texto do próprio Villa-Lobos que me parece extremamente atual: “O canto orfeônico aplicado nas escolas tem como principal finalidade colaborar com os educadores para obter a disciplina espontânea e voluntária dos alunos, despertando, ao mesmo tempo, na mocidade, um sadio interesse pelas artes em geral e pelos grandes artistas nacionais e estrangeiros.” Através deste trabalho, Villa-Lobos deu um cunho artístico ao material folclórico. Seu “Guia Prático” salva do esquecimento uma série de melodias e textos populares. Eu perguntaria: se não fosse o trabalho de Villa-Lobos certas canções de roda ou melodias infantis ainda seriam conhecidas? Com certeza não. Mas Villa-Lobos foi muito além do seu trabalho de compilador. E esta compilação começou muitos anos antes do Estado Novo. Seus ciclos Prole do Bebê e Cirandas, dos anos 10 e 20, atestam isso. A diferença foi a sistematização, tanto nas obras pianísticas quanto nas obras corais. O magnetismo de Villa-Lobos nas enormes aglomerações corais, com mais de 40.000 vozes, realizadas em estádios de futebol, estão entre os pontos mais fascinantes da vida do músico. Leiam a descrição emocionada do poeta Carlos Drummond de Andrade:“A multidão em torno vivia uma emoção brasileira e cósmica, estávamos tão unidos uns aos outros, tão participantes e ao mesmo tempo tão individualizados e ricos de nós mesmos, na plenitude de nossa capacidade sensorial, era tão belo e esmagador, que para muitos não havia outro jeito senão chorar; chorar de pura alegria. Através da cortina de lágrimas, desenhava-se a figura nevoenta do maestro, que captara a essência musical de nosso povo, índios, negros, trabalhadores do eito, caboclos, seresteiros do arrabalde; que lhe juntara ecos e rumores de rios, encostas, grutas, lavouras, jogos infantis, assobios e risadas de capetas folclóricos.” O maestro fazia uma salutar mistura de “clássico” e “popular”, convidando para estas manifestações artistas como Augusto Calheiros, Francisco Alves, Silvio Caldas e Paulo Tapajós.

Num momento em que a educação musical nas escolas públicas deixou de existir, e num momento em que a disciplina da juventude chega ao ponto de tornar a profissão de professor como uma atividade de risco, me parece completamente injusto condenar Villa-Lobos por ter trabalhado sob um regime ditatorial. Ele o fez por amor à música, enriquecendo o nosso patrimônio artístico. Esses departamentos de música, que criam montanhas de textos e gráficos e pouca música, não tem o direito de falar mal de uma atividade que continua repercutindo de forma única entre nós. Foi uma atividade que colocou a música como algo primordial em nosso país. Se o regime que tornou isso possível é contestável, a ação de Villa-Lobos não o é."


Maestro Osvaldo Colarusso (Trecho)





O Índio de Casaca # Documentário de Roberto Feith e narração de Paulo José




Onde:


Floresta do Amazonas (H. Villa-Lobos)# Maria Lúcia Godoy
Orquestra Sinfônica do RJ - Regente: Henrique Morelenbaum
Coro Masculino do RJ



Maria Lúcia Godoy interpreta Villa-Lobos


http://www.orquestrajovemdecontagem.org/

http://www.gazetadopovo.com.br/blogs/falando-de-musica/villa-lobos-e-os-arroubos-errados-do-meio-academico/

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