Ciranda das estrelas # Antônio Poteiro
Jogo de roda (Rui Guerra - Edu Lobo) # Olívia Hime e Dona Edith do Prato
"O inferno não são os outros, pequena Halla. Eles são o paraíso, porque um homem sozinho é apenas um animal. A humanidade começa nos que te rodeiam, e não exatamente em ti. Ser-se pessoa implica a tua mãe, as nossas pessoas, um desconhecido ou a sua expectativa. Sem ninguém no presente nem no futuro, o indivíduo pensa tão sem razão quanto pensam os peixes. Dura pelo engenho que tiver e parece como um atributo indiferenciado do planeta. Parece como uma coisa qualquer."
Valter Hugo Mãe - Trecho de A desumanização.
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Um dia, eu e essa pessoa desconhecida vamos nos encontrar por algum motivo, e uma intuição talvez nos diga que chegamos à vida um do outro. Eu não acredito sempre nisso. Mas não posso deixar de estar atenta. De todo modo sou assim mesmo: fico atenta a toda gente. Gosto de olhar discretamente. Confesso.
Imagino a vida dos outros. Não é por cobiça. É por vontade que dê certo. Por exemplo, vejo alguém sem cabelo e invento que há gente que só gosta de homens carecas, para que ser careca seja uma vantagem ou, pelo menos, desvantagem nenhuma.
Acho que invento a felicidade para compor todas as coisas e não haver preocupações desnecessárias. E inventar algo bom é melhor do que aceitarmos como definitiva uma realidade má qualquer. A felicidade também é estarmos preocupados só com aquilo que é importante. O importante é desenvolvermos coisas boas, das de pensar, sentir ou fazer.
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Descubro cada vez mais que o paraíso são os outros . Vi num livro para adultos. Li só isso: o paraíso são os outros. A nossa felicidade depende de alguém. Eu compreendo bem.
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Mães, pais, filhos, outra família e amigos, todas as pessoas são a felicidade de alguém, porque a solidão é uma perda de sentido que faz pouca coisa valer a pena.
Na solidão, vale a pena tentar encontrar alguém. O resto é tristeza. A tristeza a gente respeita e deita fora. A tristeza a gente respeita e , na primeira oportunidade , deita fora. É como algo descartável. Precisamos usar mas não é bom ficar guardada.
Esse livro é lindo. Minha professora leu durante uma aula de Literatura Infantil-Juvenil e eu simplesmente fiquei muda, encantada e não pensei em outra coisa senão nas minhas relações com pessoas próximas.
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ResponderExcluirOi, Maitê.
Só agora vi sua mensagem. Desculpe-me!
Você conhece "O Filho de Mil Homens"? É o meu favorito.
Obrigada pela visita.
Beijos.