sábado, 20 de setembro de 2014

Que a vida, vida seja





Canto de Xangô (Baden Powell - Vinicius de Moraes) # Baden Powell, Vinicius de Moraes e Quarteto em Cy





ORIKI DE XANGÔ 2

Xangô oluaxó fera faiscante olho de orobô
Bochecha de obi.
Fogo pela boca, dono de Kossô,
Orixá que assusta.
Disputa com egun a posse de eku
Castiga quem não te respeita
Xangô da roupa rubra, dono da casa da riqueza.
Boca de fogo, felino na caça
Rompemuros rasgaparedes
Racha e rasga pedras de raio.
Gritam teu nome na terra
Gritam teu nome na guerra.
A rua que se bifurca, orixá do colar,
Volta a se encontrar.
Homem da guerra
Bendito pelos batedores de batá.
Aquele que se acende na chuva
Na chuva, na seca
Não há quem o dono de Kossô não possa matar.
Enrola na terra quem te ofende.
Chove nao chove
Não há quem o dono de Kossô não possa destroçar.
Bebe chuva como sopa, bebe a enchente.
Xangô poderoso, não me mate
Não mate nenhum dos meus.
Que eu vença os meus inimigos
Proteja os meus filhos
Não ofenda infantes
Não violente os velhos.
Que eu não viole as leis
Não tropece no azar
Nem fale o que 
Não se deve falar.
Xangô, dono de Kossô, matador sem defesa
Kabiessí ô.
Não há lugar para todas as tuas roupas
Vida plena, aqui na minha tenda.
Enforcado não enforcado
Não nos bata com teu machado.
ue a vida, vida seja -
Dono de Kossô,
Me proteja.

(MOA, p. 90-93)*

Tradução de Antonio Risério


*MOA - A Mitologia dos Orixás Africanos de Sikirù Sàlámi. São Paulo: Editora Oduduwa, 1990.




Onde:

Oriki Orixá # Antonio Risério
Ed. Perspectiva


Os afro-sambas # Baden Powell

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